Números, números, números...

Que época terrível... os números no começo de temporada costumam ser implacáveis. O medidor de potência me mostrando o quanto eu perdi e a balança o quanto eu ganhei L

Este ano no entanto, está pior ainda. Pela primeira vez desde que eu entrei pro esporte eu PAREI por 3 semanas. Não, não fiquei doente, não tive nenhuma lesão, e também não perdi a vontade da coisa. Eu simplesmente estava cansado. Muito cansado.

2009 foi um ano bom pra mim no esporte. Consegui alcançar algumas metas pessoais e perdi outras, mas o balanço geral foi positivo. Entretanto, acabou sendo um ano muito corrido, com trabalho e casa consumindo mais que o normal.

Agora 2010 começa, e bem do começo mesmo. De 2009 sobraram somente experiências, parece que nenhum resíduo de “fitness” ficou pra contar a história. E como tudo sempre tem que ter o lado bom, muitos livros sobre treinamento dizem que as vezes é necessário perder para poder ganhar, e é nessa premissa que eu me apego sempre que me vejo em situação desfavorável (eu contra eu mesmo J).

“A coisa com planejamento é que uma hora a gente tem que executar”- Scott Molina

As metas para 2010 estão no papel e graças à minha grande perda de performance nesse início de ano elas passaram a ser bastante ousadas, mas alcançáveis se bem executado.

Watts, what watts????

Nunca me peguei em números absolutos de potência no ciclismo, minha meta sempre foi evoluir. Fosse 5 ou 50watts, a evolução era o que me mantinha na linha, cada final de ano que eu via minha potência de limiar aumentando, comemorava tal feito. Este ano no entanto eu tenho um objetivo, quero chegar ao pico da temporada com o limiar de potência próximo dos 5w por kilo de peso, o que no meu caso vai ser coisa pra caramba. Ano passado eu cheguei perto dos 4,5w/kg em algum momento da temporada, mas não consegui manter por muito tempo... este ano a meta ainda esta pelo menos 40w de distância e 5 kilos acima L.

Se eu chegar lá, talvez em 2011 eu vá tentar uma coisa que eu descobri existir recentemente – o recorde mundial da hora máster (dessa o Sebá vai gostar J). Não que eu me ache o “gás da coca-cola” em termos de genética ou capacidade física, mas eu no fundo acredito que sou capaz de me “torturar” o suficiente pra poder brincar nesse quintal – E como só a partir de 2011 vou poder competir como máster novamente, fica aqui um projeto para 2 anos...

De qualquer maneira, esse é o plano pro ciclismo e vou tirar um tempo pra treinar para duas provas em especial: os campeonatos brasileiros de perseguição em pista e de CRI em estrada.

No triathlon, vou continuar dando muito trabalho pra Rô me fazer correr, e lógico que com os objetivos do ciclismo ela vai ter trabalho em dobro esse ano... no ano passado conseguimos um excelente progresso, o que com certeza me deixa muito esperançoso para esse ano. (Existem objetivos de tempo de corrida este ano também, óbvio!).


E pra chegar lá?

Lógico que além de cumprir os treinos e planilhas, existem algumas coisas que devem partir do atleta (no caso, este que vos escreve):

Primeiro, e mais importante para esse ano é o sono. Pra mim, dormir sempre foi doping, e foi algo que ficou negligenciado completamente no segundo semestre do ano passado. Estou acertando uns horários e detalhes para que eu possa dormir uma media de pelo menos 30min a mais por noite, o ideal é alcançar uma media de 1h a mais por noite, o que não quer dizer dormir 4h durante a semana e 12h de finais de semana. Pra mim a qualidade de sono é alguma coisa como a melhor media, variando pouco de dia pra dia.

Segundo, que está diretamente ligado ao primeiro: cortar a cafeína... Além de influenciar no sono de várias maneiras, ela interfere diretamente na capacidade de comunicação que eu tenho comigo mesmo pra saber o quanto realmente eu estou ou não cansado!

Terceiro: Voltar para um nutricionista por motivos óbvios já que massa corpórea tem um impacto direto nas metas deste ano, tanto para o pedal quanto para corrida.

Quarto, Pilates: Musculação, pra mim traz zero benefícios. É só tempo que me toma que eu podia estar nadando, pedalando ou correndo – E antes que me perguntem: não, eu não vejo relação nenhuma entre Leg Press e ciclismo, qualquer um empurra mais que eu na máquina, mas isso é opnião MINHA e costuma gerar muita discussão. Agora, se tem algo que eu acredito (pois ainda não testei) que pode ajudar muito o atleta é algum trabalho de fortalecimento do “core” aliado a alongamento. Eu optei pelo Pilates por uma simples questão de facilidade, tem um Studio a 2 quarteirões da minha mesa e horários compatíveis com os meus, portanto vou testar por 6 meses!

Quinto e último: Procurar áreas de melhora, o que é assunto para a próxima postagem!

Que venha 2010!

Novo Ano, Erros Velhos?

O começo de um novo ano é sempre mais uma oportunidade de fazermos um balanço das coisas que passaram para podermos aprender com nossos erros e fazer mudanças nas estratégias. Isso funciona para tudo, trabalho, vida pessoal, relacionamentos e, logicamente, treinos...

Há alguns dias atrás estava fechando o “balanço dos treinos”, computando horas e quilometragem nas modalidades e como faço todo final de ano coloquei no papel coisas que funcionaram, erros que cometi e coisas que eu deveria ter feito mas não fiz. E, ao cruzar com informações de anos anteriores algumas idéias apareceram...

Começo de temporada é sempre a mesma história, a gente acha que a grande diferença para o ano inteiro pode ser feita aqui, em dezembro, janeiro e fevereiro... bom, isso é uma meia verdade (ou uma meia mentira pra quem prefere ver o copo meio vazio J).

Alguns alicerces para o ano são com certeza firmados nesse período, mas muito cuidado é necessário.

Eu tinha a mania de pensar que todo o volume do mundo era pouco nesse período, principalmente em anos que eu fazia Ironman. Cansei de fazer quilometragens absurdas, semana após semana durante o chamado “período de base”, vários dias consecutivos de mais de 5h em cima da bike, e obviamente em intensidades ridiculamente baixas...

“Se pedalar MUITO e DEVAGAR trouxesse algum benefício, o carteiro da região era campeão do Tour de France” – Bernard Hinault

Em 2007 tive a oportunidade de passar 5 dias treinando com a equipe de ciclismo de Ribeirão Preto enquanto eles se preparavam para a Volta do Estado de São Paulo.

Quando o técnico deles me convidou disse que seriam 5 dias de muito treino, longos e as vezes em dois períodos – ha... tiro de letra, já cansei de fazer volumes insanos em cima da bike, pensei.

Foram os 5 dias de maior sofrimento, e posteriormente de maior aprendizado que eu já tive no ciclismo. Duro???? Tiveram dias que eu ligava pra casa com vontade de chorar!!!

Medias de velocidade absurdas? Raramente elas passavam dos 30 e poucos kph, mas a maneira como o treino era distribuído foi o que mais me chamou atenção. A hora que era pra fazer força, o negócio andava muito forte em compensação as partes de baixa intensidade eram passeio ciclístico da primavera. Para alguém ligado em medias parecia fácil, afinal de contas 4-5h em cima da magrela andando a 30, 32kph não parecem difícil no papel, né? Realmente, no papel nada é difícil, parafraseando minha coach, “o papel aceita tudo”. Só que minhas pernas não aceitaram aquilo como no papel... ainda me lembro de passar alguns dias acordando encharcado a noite, como se estivesse com febre, as pernas latejando, e no apogeu da minha forma física, subir escadas era algo que cansava demais!

A partir daquela semana revi tudo que eu achava que sabia sobre treino de ciclismo (como se eu soubesse alguma coisa). Claramente, intensidade e volume são coisas que devem ser muito bem dosadas, os sistemas acabam “conversando entre si” e no final a soma das partes resultam num todo. Se você, como eu fiz muito tempo, pedalar (ou treinar qualquer coisa) volumes insanos com intensidades baixas, é nisso que você vai se transformar, em alguém bom em pedalar (nadar, correr, etc..) por horas e horas, devagar!

Meu grande amigo e parceiro, Adriano Martins, costumava brincar comigo que se fosse pra sair num treino de 200km ele tinha que acabar comigo nos primeiros 40km... Eu sempre achei que fosse sacanagem dele, mas depois de juntar as peças eu entendi muito bem o que ele queria dizer!

Ok, mas e daí? Qual a sacada para o triathlon?

Bom, a gente costuma ser taxado como atletas de uma marcha só, nadamos, pedalamos e corremos numa mesma zona de intensidade, sempre! E isso, embora cruel por parte dos atletas de uma só modalidade não deixa de ter um fundo de verdade... É só você ir pra pista de atletismo com corredores ou pra piscina com o pessoal da natação e vai ver que eles tem uns 3-4 “paces” que a gente desconhece.

Se eu fosse treinar para um Ironman (levando em consideração só o ciclismo, num revezamento por exemplo), eu iria dividir minha preparação em fases diferentes, onde eu tentaria ficar o mais rápido possível, para distancias curtas e depois me tornar específico. Alguma coisa como treinar para um CRI de 20km até o final de fevereiro e depois colocar volume. No mar tem um ditado que “a maré atinge todas as embarcações do mesmo jeito” pode ser um petroleiro ou um barquinho de pesca, eles sobem ou descem o mesmo tanto de acordo com a maré. E este é o conceito por traz deste “approach”, colocar o teu limiar o mais alto possível, antes de mexer com a endurance – lógico que para isso eu estou considerando o ciclismo como um esporte isolado. Mas como o triathlon é um esporte e não a soma de 3 esportes isolados, não é tão fácil assim, e aí entra a figura do técnico!

E os períodos de MEGAVOLUME? Com certeza esses tem espaço, vez ou outra colocar um bloco de 2 a 4 dias de volume acabam trazendo muitos benefícios, desde que eles sejam em intensidades baixas para poder “agregar” aos treinos de limiar. A intensidade intermediária nesse caso (e em muitos outros) acaba prejudicando muito mais do que ajudando.

Bom, a comilança das festas de final de ano já passaram, a semana de férias com a molecada na praia já acabou e esta semana voltei aos treinos para a temporada de 2010 pra valer. Promete ser uma temporada com vários “novos desafios” e na medida do possível pretendo compartilhar aqui.

Minha esposa esta passando hoje por uma cirurgia nos joelhos (pra reconstituir a cartilagem) e eu to de “off” no hospital, por isso tanto tempo pra escrever J - No último final de semana saiu no Esporte Espetacular uma matéria sobre o procedimento pelo qual ela esta passando, é uma técnica nova e estamos torcendo para que funcione conforme o prometido!

Paixões e ídolos...

Não é segredo pra ninguém que eu tenho uma paixão pelas bikes TREK. Talvez porque tenha sido minha primeira bicicleta de competição, talvez pelo apelo de ter sido inúmeras vezes campeã do Tour de France, sei lá...

Aliar isso àquele que é um dos meus maiores ídolos neste esporte (precisa dizer porque?!?!?) faz valer a pena assistir várias vezes ;-)

Enjoy!

GAMBARE

Gambare é uma palavra japonesa muito significativa. Ela expressa o espírito japonês de força, persistência e coragem. Quando você fala Gambare para alguém é como se estivesse desejando ao outro:

Força, Coragem, Firme, Tenha Garra, Estou com Você, Avante!

É uma palavra muito comum no cotidiano japonês, que expressa consciência de grupo, uma demonstração de apoio, solidariedade e esforço daqueles que compartilham dos mesmos momentos.

Ela é portanto nossa motivação, nosso esforço que pautará nosso ano de trabalho.

Trecho extraído de carta recentemente publicada pela Associação de Pousadas da Enseada do Bananal, na Ilha Grande – Angra dos Reis / RJ.

Infelizmente o ano começou com tristeza e perdas. A perda de amigos e conhecidos naquela que foi a maior tragédia que aconteceu nesta Ilha tão bela e tão querida de muitos...

Tendo vivido uma boa parte dos meus finais de semana, trabalhando e me divertindo muito naquelas águas, fiquei bastante abalado com o ocorrido, a natureza se rebelando, e nos mostrando o quanto somos dependentes dela!

Àqueles que ficaram para reconstruir o paraíso, GAMBARE!

LODD