Nadando com Tubarões - desta vez, literalmente!

Pode parecer loucura para alguns, mas eu nunca escondi de ninguém meu fascínio por tubarões… Alguma coisa com a imponência desses bichos debaixo d’água sempre mexeu comigo.

Também pode ser novidade, mas eu já tive uma “outra vida” como mergulhador. E nesta “outra vida” passei mais da metade dela querendo ver tubarões em seu habitat natural. Mas, como tudo aquilo que a gente deseja muito isso quase nunca aconteceu. Foram incontáveis horas de fundo, em locais conhecidamente frequentado pelos predadores como Recife, Curaçao, Bonaire, Cozumel, California e Fernando de Noronha. E o máximo que eu tinha conseguido nessa “outra vida” foi assistir (e fotografar) um vulto, no cabeço da sapata em Fernando de Noronha lá pelos idos de 99. Eu me considerava o maior repelente de tubarões do mundo!

Depois de mais de oito anos fora do circuito, passei a última semana mergulhando em Fernando de Noronha na companhia do Leo (meu filho mais velho e herdeiro do meu DNA de mergulhador, um mergulhador nato). Bom, como esse moleque nasceu virado pra lua, essa foi a temporada dos tubarões, fizemos 10 mergulhos no arquipélago e em no máximo 2 ou 3 não avistamos tubarões…

Bom, pra quem passou uma vida a procura, eu já estava mais do que realizado de ver incontáveis tubarões-lixa, vários de recife e um tubarão-limão enorme… mas como um bom ser humano eu queria mais. E, toda vez que eu nadava ao encontro de um deles, eles fugiam com uma rapidez impressionante – Que besteira achar que a gente pode fazer algo se eles resolverem vir pra cima… tsc tsc tsc J

Foi dia após dia, queimando as pernas atrás deles e sendo vencido uma após a outra.

No ultimo dia de mergulho porém, resolvi colocar em prática o que um palestrante do ICMBio (antigo IBAMA de Noronha) falou…

Segundo ele o tubarão, assim como a maioria dos peixes é dotado do que eles chamam de “tato à distância”, uma sensibilidade que eles tem pra sentir todo deslocamento de onda que um corpo gera quando se locomove na água. E, por isso quando alguém nada locomovendo tanta água na direção de um tubarão, eles fogem. Puro instinto básico (e por isso, segundo o palestrante, um tubarão avançar contra um grupo de nadadores/mergulhadores é um ato “suicida”).

De acordo com a palestra, a melhor maneira de observar um tubarão é nadar suavemente na direção dele, e a hora que ele fugir pare… Isso poderia atiçar a curiosidade do animal, fazendo ele voltar pra “xeretar”.

Bom, sabe aquele ditado que “fé move montanhas”? Bom, montanhas eu não sei, mas tubarões… com certeza.

Último dia de mergulhos em Noronha, último mergulho de uma semana que vai entrar pra história. Já na parte final do mergulho avistei mais um tubarão bico-fino, já era o quarto do dia e como todos os outros tinham fugido acho que a galera não se animou tanto em “assustar” mais este. Eu, como não desisto fácil nadei na direção do bicho… Ele não parecia muito grande, portanto ia se “assustar” fácil, e não deu outra, ele nem virou pra mim. Provavelmente, a hora que sentiu minha presença picou a mula…

Porra!!!! Parei na hora e comecei a mudar o rumo do nado lentamente. Foi quando a magia aconteceu… ainda de olho no bicho, ele parou e começou a virar.

Eu parei completamente e esperei…

Ele zigue-zagueou, deu uma de difícil…

Eu continuei estático, esperando…

Ele fez que ia mudar de rumo novamente… e resolveu me presentear. Nadou na minha direção e chegou bem perto. Tão perto que eu até estiquei a mão na direção dele como que se pudesse fazer um carinho no bicho. E acabou que ele não era tão pequeno quanto eu imaginei.

E é lógico que ele deve ter tido alguma outra razão pra vir pro meu lado. Mas também é lógico que pra mim tudo girou ao “meu redor”.

Bom, também é óbvio que eu não ia tornar essa história de “mergulhador” publica se eu não tivesse provas J

Graças ao meu grande amigo e irmão dentro e for a d’água, Rafael (cabeção) que também não desistiu do bicho e estava com a máquina fotográfica a postos, eu tenho uma sequência maravilhosa de fotos do fato!

Eu já tive momentos inesquecíveis de baixo d’água… mergulhei com golfinhos, focas, pinguins, cobras, e até uma baleia jubarte já passou ao fundo durante um mergulho em Abrolhos. Mas esta encabeçou o topo da lista!

Bom, eu tenho certeza que como todos os milhares de experiências únicas que o mergulho já me proporcionou esta vai ser de uso para outros aspectos da vida!

Obrigado cabeça pelas fotos, e ao meu filho Leo.. futuro grande mergulhador pela companhia nas incontáveis e maravilhosas horas de fundo e de superfície durante a semana no que foi descrito como o “oasis do atlântico”!

LODD