Off Season - parte 2


“Nós somos o que repetidamente fazemos. Excelência então não é um ato, mas um hábito” – Standing Start.

Infelizmente (ou felizmente, uma vez que pra mim isso simplifica bastante as coisas) praticamos um esporte onde a especificidade é tudo, portanto treinar do jeito que competimos é a melhor estratégia. Por isso sou da opinião que, a não ser que você seja um profissional que consegue passar muitas horas em cima da bike, semana após semana, mês após mês e ano após ano, você deve passar o tempo disponível treinando na bike que você compete, na posição que você compete em terrenos próximos ao que você compete, ponto.

Mas, parafraseando um grande amigo “alternância e inovação são o segredo da longevidade” (muito cuidado ao usar isso fora da vida esportiva J), quando fora de temporada ou longe de provas alvo existem alguns benefícios que podem ser tirados ao se misturar um pouco as coisas. Mas para que você não se desvie muito do caminho, nem de seus objetivos, alguns cuidados têm que ser tomados.

Sempre que eu adquiro uma bike não específica para triatlo / contra-relógio, observo algumas coisas:

1o – Conforto: como a tua bike de competição, qualquer outra bike que você tiver no teu “estábulo” deve proporcionar um treino agradável, por mais doído que ele seja J

2o – Fit: Eu sei que geometrias variam muito entre MTB’s, Road’s, Tamdem’s e etc.. mas uma coisa eu procuro deixar sempre parecida – a angulação do quadril. Na minha speed, e na bike de pista (cada uma com uma angulação diferente), quando segurando em baixo e fazendo força, o ângulo do meu quadril fica bem próximo ao que eu uso na bike de CRI. Isso considerando 3 tamanhos de pedivela diferentes (177,5 para Tri; 175 para Road e 170 para Pista).

3o – E não menos importante, Posicionamento do taquinho em relação à sapatilha: Esta é pra quem alterna com MTB uma vez que as sapatilhas, taquinhos e pedais são diferentes. Use sempre na mesma posição relativa para continuar trabalhando a mesma musculatura da panturrilha.

As características de cada uma:

Moutain Bike: Vamos começar pela mais popular... Quando a gente fala em fugir da rotina de treinos a primeira coisa que vêm a cabeça é sair pro meio do mato com uma MTB. Eu acho uma excelente idéia e, embora não seja muito “amigo” das off Road coisas muito boas podem ser aprendidas e absorvidas andando de MTB ou ciclocross (esta última, um pouco mais específica na minha opinião).

A relação entre moutain bike e ciclismo de estrada é bastante clara, todo grande MTB’er tem um grande ciclista adormecido dentro de si esperando pra dar uma paulada no pelotão. Porque? Técnica, força e capacidade de suportar mudança de ritmo o dia inteiro além de serem exímios “escaladores”. Andar de MTB requer uma força e técnica de pedalada sem igual, aplicação perfeita de tração e alternância de forças são questões de sobrevivência “literal” no MTB.

Mas a beleza da modalidade também é o lado ruim quando trazemos para o contra-relógio. É simplesmente impossível para um ciclista de MTB conseguir sustentar uma potência (até mesmo um torque) constante por longos períodos, a natureza do tipo de terreno limita esse fator, e mesmo quando se anda de MTB em terrenos lisos e planos, a inércia do equipamento acaba limitando uma transferência de ganho para o contra-relógio.

Road: Dã... esse é o mais óbvio, mas também não tem muita diferença da bike de CRI, né??? Não sei não...

Lógico que padrão de pedalada não se altera ao trocar uma pela outra, bem como não mudam muito os percursos – se bem que eu sempre aproveito quando saio de Road, para ir conhecer estradinhas novas, com subidas duras e técnicas.

Então quando trocar uma pela outra? Pra mim é a melhor opção para os treinos de base, girados e com baixa potência. Quando se sai em grupo e aproveita-se para colocar o papo em dia, porque eu simplesmente não consigo ser sociável nem deixar de fazer força na minha bike de CRI, e embora isso seja pessoal vamos convir que passeios com bike de triatlo, segurando no base bar é bem menos confortável que andar numa bike com 72o segurando num guidão ergonômico J

Pista: Lógico que a maioria dos triatletas e ciclistas nem sabe o que é andar numa bike de catraca fixa. É um território completamente inexplorado, e o mais próximo que se chega disso é numa bike de spinning o que ainda é outra galáxia. Embora seja possível usar em ruas e estradas, o ideal é que seja usada em um velódromo, o que limita muito mais o universo uma vez que no nosso país “continental” existem 4 velódromos “usáveis”, sendo que somente 2 deles abertos ao público (sorte a minha que um deles está a menos de 30min de carro daqui J).

Quais os benefícios? Na minha opinião, todos os do MTB, Road e CRI juntos.

Técnica – pedalar numa bike com uma única relação, que vc não pode parar de pedalar nem mudar de marcha, sem freio, onde todo o controle de aceleração e desaceleração são feitos nos pedais, pra mim é como aliar educativos, com técnica de “pilotagem” e ainda se movimentar, colocar ritmo, dar tiros, etc..

Aprendizado – andar em um velódromo, um espaço limitado, com mais ciclistas ensina muito sobre como se comportar em pelotão, andar me linha reta, fazer rodízio, dosar esforço e mais um milhão de características “essenciais” para qualquer ciclista

Logicamente, a gente também consegue esses benefícios com a bike específica de competição, mas pra mim bike de pista acaba funcionando mais como um “intensivo”, onde técnica correta, força constante e giro perfeito são trabalhados o tempo todo.

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Desejo à todos um excelente ano novo e que 2010 venha cheio de conquistas e aprendizados!

LODD

Off Season - parte 1


"Practice does not make perfect. Only perfect practice makes perfect." - Vince Lombardi

Este não é um post sobre o que fazer na “off season” ou na pré temporada, somente algumas idéias que me pareceram importantes após assistir a última etapa do Troféu Brasil neste final de semana (durante a minha off season J). Coisas que muitas vezes esquecemos ou deixamos de lado no intuito de “treinar forte”. Coloco como “off season” pois as férias e a pré temporada são um bom momento para se tentar melhorar coisas que deixamos de lado durante o período de competições

A primeira coisa que com certeza vai te poupar tempo (e talvez vexames) em provas, é o simples ato de aprender andar com a tua bike de competição. Não, não é voar em linha reta nem fazer contra-relógios em estrada. Estou me referindo ao simples fato de “andar de bicicleta”, fazer coisas que parecem ridículas até para crianças – Meu filho de 13 anos estava comigo em Santos e conseguiu contribuir com alguns detalhes que até eu deixei passar.

É simples, você precisa estar confortável em cima da bike. Comer, beber, subir, descer, montar, desmontar, frear, fazer curvas, passar marcha... devem ser coisas naturais para qualquer atleta que usa a bicicleta para competir. Coisas simples como estas podem gerar “atritos” e stress desnecessários no calor da prova, além de acidentes.

Quando eu me meti no meio do ciclismo sabia que precisava melhorar minha performance em cima da bike, mas não era a quantidade de força que eu colocava nos pedais e sim o quanto desta força eu economizava. Nas minhas primeiras provas no pelotão eu gastava 90% da minha energia corrigindo meus erros... diminuía muito nas descidas e por isso tinha que fazer força pra buscar o pelotão novamente; fazia curvas “quadradas” e, enquanto todo mundo passava a 40kph eu diminuía muito e depois “toca” ir atrás do prejuízo; perdia a inércia nas subidas e tinha que ficar acelerando constantemente pra andar com o pelotão; e coisas do tipo.

Numa prova de triatlo, algumas “manhas” acabam economizando muito tempo e energia:

Curvas: Essa é a parte que mais dói de assistir. Para quem vê de fora fica claro a aversão que nós triatletas temos de colocar o volantinho em uso. Santos tem 3 curvas travadas por volta, mais a do retorno para os que estão fazendo olímpico, sendo que 2 delas são curvas 180o de baixíssima velocidade (de novo, mais a do retorno para olímpico) onde as velocidades caem abaixo dos 10kph – Pra que sair de 53x19??? – Além disso, aproveitar a pré-temporada para aprender fazer curva fechada pode acabar economizando quase 1min por volta. Não é difícil, dá pra fazer na garagem do prédio ou no estacionamento de um supermercado vazio, num parque... tudo que você precisa é de uma caramanhola, coloca ela no chão e usa como “cone”, vai fazendo curvas cada vez mais fechadas até estar confortável. Usa o câmbio, deita a bicicleta lembrando que quanto mais deitada ela estiver mais você deve compensar com pressão no pedal externo. A hora que estiver “confortável” começa a pegar a caramanhola do chão com uma das mãos.

Equilíbrio: Esse é com certeza o maior fator de risco quando se anda em alta velocidade, ainda mais em grupos como têm acontecido (Pirassununga teve pelo menos uma queda em pelotão). Quando eu quis ficar sério nesse negócio de andar em provas de ciclismo com mais de 500 atletas se “encostando” toda hora comprei um rolete (rolo solto daqueles que, o que mantém você em cima da bike é a pedalada e o equilíbrio) e não descansei enquanto não consegui ficar confortável pedalando sem as mãos, bebendo e comendo sem cair. Mas não precisa de um rolete pra isso, usa um lugar livre de trânsito e pedale sem as mãos, faça curvas, acelere e diminua. Sinta o embalo da bike, o centro de gravidade e o balanço. Depois comece a por e tirar coisas do seu bolso de trás ainda sem as mãos no guidão, quanto mais devagar, melhor. Eu me contentei a hora que eu consegui puxar uma capa de chuva, vestir, tirar, enrolar e guardar novamente no bolso – muitas vezes, abdômen/lombar fracos pode prejudicar esse tipo de tarefa. Lembre que as mãos no guidão / aerobar servem somente para dirigir a bicicletas, qualquer “equilíbrio” vindo das mãos no guidão servem somente para tensionar a musculatura do pescoço e do braço, gastando energia.

Montar e desmontar: Essa é somente treino, por e tirar a sapatinha andando, ou clipar e desclipar o pedal. Pode parecer besteira, mas tem muita gente que tem dificuldade de sair pedalando quando parado por não conseguir encaixar o taquinho no pedal em baixa velocidade sem perder a estabilidade da bike. Neste domingo vi um monte de “quase acidentes” acontecerem na saída da T1 por causa disso. Tem que treinar até conseguir fazer isso de olho fechado.

Andar em linha reta: sem mencionar a quantidade de acidentes que podem acontecer pelo efeito zigue-zague vamos concordar que se um atleta não está pedalando em linha reta está gastando energia? Trabalhar o equilíbrio mata 90% deste problema. Para treinar, pegue uma referência como faixa de asfalto numa rua ou avenida (sem movimento pelo amor de Deus) e ande em cima dela, peça para um amigo vir junto umas 2 bicicletas atrás, e a cada 1min olhe pra traz, cada vez por cima de um ombro para ver o outro ciclista. Se você desviar mais de um palmo da linha pede pra ele avisar e pratique até que não saia da linha.

Mudança de marcha: Pedale com ciclistas, moutain biker’s e aprenda a usar as marchas da bicicleta, girar leve e pesado, acelerar e desacelerar... A gente tem mania de usar 3-4 relações em bikes com 20 combinações possíveis. A não ser que seja por sujeira e chuva em excesso, 99% das vezes que uma corrente escapa da pra arrumar sem descer da bike, é só uma questão de descruzar o câmbio e passar a marcha pra cima de novo pedalando.

Como disse no começo esses são detalhes observados no último domingo, coisas que eu achei relevante... Somente a prática perfeita leva a perfeição!

Mais “off season” a caminho J

LODD

* P.S.: E como num post escrito a 4 mãos, publicado quase que simultâneamente este escrito pelo Max da Kona Bikes agrega outros pensamentos - clique aqui

Sob Pressão


O ar que respiramos é constituído de aproximadamente 79% de nitrogênio e 21% de oxigênio. O nitrogênio a nível do mar responde por uma pressão parcial de 0,79 ata (atmosferas absolutas) o que para nós não representa nenhum perigo. Acontece que se essa pressão parcial se aproximar de 4 ata’s o gás inerte se torna narcótico. Isso mesmo, como a maioria dos mergulhadores sabem, mergulhos com ar comprimido abaixo dos 40m de profundidade pode dar “o maior barato”, literalmente.

Isso pode parecer engraçado principalmente quando a gente ouve histórias de mergulhadores conversando com peixes, cantando e fazendo besteiras e mais besteiras como se estivessem “bêbados” em baixo d’água. Mas quando analisamos os acidentes decorrentes desse efeito vemos o quanto perigoso isso se torna, ainda mais quando a narcose é agravada por fatores externos – Eu costumava usar o seguinte exemplo para os meus alunos: imagina que você saiu e bebeu uma meia dúzia de cervejas, pegou o carro num dia lindo numa estrada sem movimento e voltou pra casa, com certeza você chega em casa são e salvo e acha que a recomendação do DETRAN é muito exagerada, que 6 copos de cerveja não fazem a menor diferença nos seus reflexos. Agora, beba a mesma quantidade e pegue uma estrada como a via Dutra, a noite, com chuva e neblina... as chances de você chegar inteiro no destino com certeza vão cair drasticamente.

E o mesmo acontecia no mergulho, em Fernando de Noronha ou no Caribe a gente mergulhava a mais de 50m de profundidade respirando ar comprimido e nada acontecia, não sentíamos nenhum efeito da narcose – claro, água quente e transparente, as coisas ficavam muito mais fáceis. Em compensação em mergulho no mar do Rio de Janeiro, na Ilha Rasa, água fria, escura e com correnteza eu já tive alunos com sintomas de narcose ainda nos 30m de profundidade, onde o efeito da pp de N2 ainda não é um fator.

Uma das grandes lições que eu aprendi na minha vida de mergulhador vêm daqui: fatores externos potencializam os erros. E domingo passado eu trouxe isso para o triatlo.

Pirassununga acabou se transformando em uma das provas mais importantes do ano para mim, o que não era o plano original. Mas durante a parte final da preparação vários fatores acabaram se intrometendo nos planos, culminando com uma semana pré prova a base de remédios e descanso forçado... mas isso não é pra virar um muro de lamentações e sim de aprendizado.

Já na primeira bóia da natação eu senti que não ia ser o dia, falta de fôlego e de força nos braços, câimbras nas pernas àquela altura já apontavam para um dia ruim. Mas foi na bike que o bicho pegou. O momento da prova em que normalmente nada foge do meu controle estava completamente descontrolado. Durante toda a primeira volta tinha vontade de me olhar de fora para ver se era realmente eu mesmo em cima da bike. A potência que eu facilmente mantinha em treinos não aparecia de jeito nenhum no Power-tap. Nada colaborava, e aquela “margem de segurança” já tinha ido embora fazia tempo.

Nessas horas a gente começa a reparar em coisas que normalmente passam desapercebidas quando esta tudo bem. Sabia que não ia chegar nem perto da potência de prova, mas depois de um tempo sabia que eu poderia usar o cérebro para minimizar o prejuízo. Foi assim que a partir da segunda volta ganhei mais de 1kph de media com 15w a menos de potência...

Lições de Pirassununga:

Como eu digo para o pessoal que treina comigo, Pirassununga é um percurso rápido, que você não para de pedalar um minuto e quase não sai da posição aero, mas não é plano. Por isso, cabeça e 20 marchas na bicicleta podem fazer uma grande diferença.

Subida da igrejinha: Num dia normal de brutalidade pura eu passo lá de volantão desperdiçando toda a ignorância que eu possuo dentro de mim. Mas neste último final de semana senti na pele que deixar o Ego de lado traz grande benefícios – volantinho sempre!

Chicane do Célio: Se você vem em linha reta, sentado no selim e segurando no guidão (não clipado) somente com o giro do pedal e balanço da bike dá pra passar lá sem encostar nos freios, o que acaba poupando bastante energia principalmente para aqueles que precisam acelerar pra não perder a “carona” J

Cadência: Eu sou um cara que gosta de carregar uma marcha pesada, tenho meus motivos pra acreditar que pra mim essa é maneira mais efetiva de se pedalar em CRI e principalmente em triatlo, mas sempre acreditei que treinar e estar confortável em qualquer que seja a cadência é uma carta extra na manga. Domingo tive certeza que isso é uma verdade, eu passei os 90km procurando uma cadência confortável sem encontrar, e acabou que isso foi o que me fez andar, o fato de poder ficar alternando entre alta e baixa rotação confortavelmente foi critico para minha sobrevivência na prova.

Embalo e câmbio: toda subidinha em Pirassununga é precedida por uma descida ou um trecho em que estamos embalados, o grande lance então, é a capacidade de manter a inércia da bike. Lembrar que clipado numa bike de CR o centro de gravidade fica muito alterado, e as vezes só o fato de sentar um pouco mais pra trás no selim e compensar segurando um pouco mais pra trás no clipe pode alterar bastante esses centro de gravidade e ajudar a manter o momento. E lógico, trocar de marcha sempre. São 90km onde a gente só tem que se preocupar em comer, beber e trocar de marcha!

Sobre a prova, foi um dia de muito sofrimento e uma guerra interna que eu nunca tinha travado antes. Estava um dia quase perfeito na AFA mas que infelizmente o corpo não colaborou nem um pouco. Paciência.

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Só aproveitando pra tirar o chapéu para algumas performances impressionantes: A incansável Vanessinha Giannini, 10a no mundial de 70.3 e vitória em Pirassununga em uma semana. Sebá meu brother, você não sabe brincar. Ale Gantus, que prova e que cabeça, parabéns mais uma vez, agora é tocar pro IM.

E finalmente Júju, que depois de parar a prova devido a um baita acidente de bike onde o garfo quebrou num dos “tachões” correu 10km do meu lado, toda enfaixada fazendo eu encontrar energia que eu nunca achei que tivesse. MUITO OBRIGADO!

Primeiro as prioridades...

Antes de começar, já que o papo vem sendo em torno das super bikes e brinquedos de desejo, essa bike foi eleita um dos 5 melhores produtos da interbike.

No começo do ano tive a oportunidade de ter contato com os quadros SUPLICY, através do Juraci. Durante o Internacional de Santos conheci o Cauê, um triatleta brasileiro que mora nos EUA e resolveu montar uma empresa de bikes. Em princípio achei que como muitos ele tinha ido a China e comprado um projeto já pronto, pintado com o seu nome e colcado a venda. Engano meu, já em fevereiro ele me disse que investia nos projetos próprios… Parece realmente que ele andou trabalhando MUITO. As bikes que eu ja vi aqui no Brasil com o Jura são de excelente qualidade, e esse novo modelo, o QUANTUM já chegou mostrando todas as credenciais.

Notícia extra-oficial: essas belezas devem estar sendo distribuídas no Brasil já em 2010!


Vou tentar não me alongar muito no assunto uma vez que muita coisa boa já foi publicada nos comentários das postagens passadas. Apenas gostaria de colocar meu ponto de vista, que muito provavelmente está longe de ser verdade.

Primeiramente, falando dos benefícios do carbono sobre qualquer outro material usado para a construção de quadros: Leveza, rigidez, conforto, torção, transferência de potência, tudo isso são características que pra mim não têm uma influência marcante em quadros de contra-relógio, alguns desses benefícios eu nem cheguei a sentir e outros mesmo que existam não sei se são necessários.

Leveza: pra mim quadro de CRI muito leve só é bom se for pra fazer um TT no Alp d’Huez, e mesmo assim o peso da peça em cima do selim vai ser MUITO mais importante, fora isso bikes de CRI muito leve na minha experiência são lentas, falta um “embalo”.

Rigidez, torção e transferência de potência: embora já tenha mudado para as bikes de carbono há algum tempo, a maior parte dos meus km’s foram em quadros de alumínio e titânio e nunca percebi nem consegui “medir” esse efeito de torção e transferência de potência, quanto à rigidez tive experiências opostas com todos os materiais – minha primeira bike séria foi uma trek oclv das antigas e tinha tudo, menos rigidez J

Conforto: é muito mais uma característica de um bom bike fit e da geometria / construção de um quadro (e recentemente descobri que dos pneus também) do que do material utilizado propriamente dito.

O grande diferencial da fibra de carbono é a versatilidade que ele possui para se moldar aos mais diferentes “shapes” com estética, resistência e durabilidade dignos dos mais altos standards impostos pela fórmula 1.

E essa facilidade em se dar forma aos mais diferentes projetos acabou servindo aos dois lados da moeda, uns usaram muito bem enquanto outros inventaram “soluções” para problemas inexistentes e acabaram contribuindo negativamente para a evolução dos quadros.

Quem “merece”?

Mais uma vez, minha opinião: qualquer atleta que tenha pernas, desejo de melhorar, paixão pelo esporte e que, obviamente, não vá criar problemas com a família e nem com o gerente do banco para fazer tal investimento.

Desde que seja adquirida uma bike que atenda as necessidades do atleta e não uma a qual o atleta tenha que se adaptar, todos se beneficiam de um investimento neste sentido. Desde os mais lentos até os mais rápidos.

Mas... “comprometimento” é a palavra chave – um atleta comprometido com o processo vai melhorar, e se uma bike nova ajuda a manter o “olho no prêmio” que assim seja.

Logicamente que em ordem de prioridades, a troca de bike pode estar lá no final da lista, existem muitas outras coisas (mais baratas inclusive) que vão trazer melhoras independente da bike que você estiver usando:

  • Um bom técnico
  • Local e grupo adequado para treinos
  • TEMPO para poder evoluir
  • Boa manutenção do seu equipamento
  • Bike Fit
  • Aprendizado (sobre técnica e funcionamento),
  • E por fim, aquilo que eu acredite ser essencial para qualquer ciclista ou triatleta sério em melhorar o desempenho, um medidor de potência (mas esse é papo para um outro dia J).

Parafraseando um comentário excelente feito pelo Max da Kona Bikes nas postagens anteriores: Se o mundo fosse mais que perfeito, todo atleta treinaria como um profissional, seria ético como um monge, e faria jus, também do ponto de vista de desempenho, ao seu equipamento de última geração

Infelizmente o mundo não é nem perto do perfeito... dêem uma olhada nesse vídeo feito no Ironman da Flórida semana passada. Pra que bike top de linha?

Pra terminar, gostaria de parabenizar a Jú publicamente pelo MONSTRUOSO desempenho no Granfondo de ciclismo em Ubatuba este final de semana, 4a colocada no geral e campeã da categoria! Aproveitar também para desejar uma excelente prova no mundial de 70.3 para a elite feminina RM (Van Giannini e Ana Lídia Borba) neste próximo final de semana!

Obrigado a todos pelos muitos comentários, e-mails e trocas de idéia. Volto depois do brasileiro de pista (se a CBC permitir) e Pirassununga.

Abs,



Lenha na Fogueira

Para colocar um pouco de tempero na discussão da semana passada sobre o benefício das super bikes e fazendo o papel de advogado do diabo, segue um vídeo interessante - Uma vez que ainda não deu tempo de escrever sobre as vantagens (ou não) dos quadros de carbono.

É o próprio Jens Voigt com sua Specialized último tipo tomando um coro de um ilustre desconhecido com uma bike, que me parece (não entendo nada de alemão e meu filho não foi de muita ajuda) ter 100 anos.


Enjoy

LODD

A Peça em cima do Selim...

Do livro “It’s not about the bike”:

“Eu sabia que estava voando num contra-relógio quando nada além das minhas pernas se mexiam...”

Originalmente a postagem retrasada não era pra chegar nesse nível, mas comentários no blog e conversas com os amigos me levaram a “adiantar” esse assunto.

Vamos começar pelo seguinte: Não importa se você tem o quadro mais aerodinâmico do mundo, por mais que ele tenha sido testado em túnel de vento, projetado pelos melhores engenheiros do mundo e colocado a disposição dos melhores ciclistas do pró-tour, na melhor das hipóteses ele não cobriu nem 10% dos diferentes tipos de atletas. E ao se considerar o conjunto bicicleta mais ciclista, o último acaba contando pela maior parte do arrasto aerodinâmico produzido.

Portanto...

Conforto é aerodinâmico

Nossas referências são muito distorcidas nesse sentido, a gente assiste um CRI do Tour, vê a posição do David Zabrinskie em cima da bike e acha que aquilo é o nosso objetivo... Grande erro!

Acho que 2007 foi o ano em que as “super bikes” invadiram o IM Brasil, eu estava lá para assistir e pude ver aquela enxurrada de Cervélos P3, várias Trek TTX e outras bikes “do momento”em ação. Lembro perfeitamente de ficar parado no retorno do ciclismo e cansar de ver atletas em cima de bikes caríssimas já não conseguindo mais ficar “clipado” simplesmente porque eles não estavam mais confortáveis depois de 90km de pedal, e com mais 90km pela frente daquele jeito, eles estariam igualmente servidos com uma caloi 10!

Eu sei que a maioria deles treinou com a bike, e fez bons treinos antes da prova. Mas honestamente falando, em quantos treinos a gente consegue simular as condições de um circuito como IM Brasil? 4, 5, 6 horas direto na mesma posição, sem parar pra por o pé no chão, sem descanso para a lombar nem para as pernas? Eu pelo menos NUNCA consegui fazer um.

Como bem disseram o Eng e o Ciro nos comentários deles, é tudo questão de marketing, afinal de contas é disso que vive a indústria. Eles lançam um equipamento e fazem você acreditar que precisa desesperadamente daquilo para ser melhor – sendo o próprio Ciro uma prova de que isso não é verdade com sua bike de alumínio (que diga-se de passagem já foi campeã em Kona com tempos semelhantes aos que são registrados hoje).

O que eu acho? Sinceramente eu gosto disso. Eu sou fanático por bikes e se pudesse compraria todas, testaria todas e ia achar os prós de todas. Pra mim isso sempre serviu como um incentivo pra melhorar, treinar e se dedicar mais... BOYS TOYS J

Top 10 Bikes em Kona

1. Craig Alexander (AUS)
Bike: Orbea Ordu

Aerobar: Shimano Pro

Grupo: Shimano Di2

Rodas: Shimano Pro 75 traz, 50 diant

Selim: Fizik Carbon Arione Tri

Power meter: SRM
Tempo: 4:37:33

2. Chris Lieto (USA)
Bike: Trek Speed Concept

Aerobar: Bontrager

Grupo: SRAM Red

Rodas: Bontrager Aeolus

Selim: Fizik Arione

Power meter: PowerTap
Tempo: 4:25:10 * melhor tempo 2009

3. Andreas Raelert (GER)
Bike: Blue Triad SL

Aerobar: Aerus TTB Carbon

Grupo: SRAM Red

Rodas: Zipp 808 / 1080

Selim: Fizik Arione

Power meter: nenhum
Tempo: 4:38:00

4. Chris McCormack (AUS)
Bike: Specialized Shiv

Aerobar: Specialized integrated
Grupo: SRAM Red
Rodas: Zipp 808 / 1080

Selim: Specialized Toupe

Power meter: nenhum (Treina com SRM)
Tempo: 4:32:44

5. Rasmus Henning (DEN)
Bike: Boardman TT Air

Aerobar: Zipp Vuka

Grupo: SRAM Red
Rodas: Zipp 404 / 1080

Selim: Fizik Arione Tri

Power meter: SRM
Tempo: 4:37:07

6. Timo Bracht (GER)
Bike: Giant Trinity Advanced SL

Aerobar: Giant integrado
Grupo: Shimano Dura-Ace

Ruodas: Xentis Squad 5.7 / Mark 1 TT

Selim: Velo Timo Bracht

Power meter: SRM
Tempo: 4:33:49

7. Dirk Bockel (LUX)
Bike: Max Lelli Liger

Aerobar: Hed

Grupo: Shimano Dura-Ace

Rodas: Hed Jet 60 / 90

Selim: Selle Italia SLR T1

Power meter: SRM
Tempo: 4:37:28

8. Pete Jacobs (AUS)
Bike: Azzurri Chrono Pro

Aerobar: Hed

Grupo: Shimano Dura-Ace

Rodas: Hed Stinger

Selim: n/a

power meter: n/a
Tempo: 4:38:41

9. Andy Potts (USA)
Bike: Kuota Kueen K

Aerobar: Shimano Pro Missile

Grupo: Shimano Di2
Rodas: Zipp 404 / 808

Selim: ISM Adamo (road)

Power meter: nenhum
Tempo: 4:46:06

10. Faris Al-Sultan (GER)
Bike: Storck Aero 2

Aerobar: Storck

Grupo: Shimano Di 2

Rodas: Xentis Mark1 TT

Selim: Fizik Arione Tri

Power meter: SRM
Tempo: 4:33:40

It's not About the Bike...


Embora o titulo seja o mesmo do livro, nada a ver com Lance Armstrong.

Este ano que passou, na minha opinião foi o ano de maior evolução tecnológica das bikes de triatlo / CR, após um período de estagnação e até mesmo um certo grau de regressão em algumas marcas específicas. Assistimos um “boom” de designs e projetos perfeitos na construção de quadros.

A Specialized lançou o que hoje é considerada a bike mais rápida do mundo (lógico que qualquer quadro colocado entre as pernas no Cancellara será um potencial candidato a este titulo J); a Trek com a Speed Concept, bike que somente Lance Armstrong, Alberto Contador e Chris Lieto tiveram acesso; As indecentes Plasma 3 da Scott (que ainda não vieram e nem devem vir tão cedo para o publico triatleta); As cervélos P4 (blah) dentre outras, utilizam o que há de melhor, mais moderno e mais caro em construção de quadros. Investimentos que passam das centenas de milhões de dólares em tecnologia!

E o que isso refletiu no campeonato mundial semana retrasada em Kona em termos de performance? Nada... zero... nenhum recorde batido!

Os anos de 2005 com o recorde estabelecido pelo Tobjörn Sindbale, que foi arrebentado em 2006 pelo her Staddler (4h18min) prometiam um efeito dominó nos tempos de pedal em Kona, o que ficou longe da verdade. Andei pesquisando, e depois que o Normann destruiu a concorrência em 2006 nada ficou abaixo da casa das 4h24min – lógico, isso é assustadoramente rápido para um percurso daqueles, mas onde foram parar os milhões de dólares investidos em tecnologia?

Será a Kuota Kalibur uma bike imbatível em termos de tempo em Kona? Embora eu tenha uma e goste muito da performance, DÚVIDO que esta seja a verdade!

E olha que não estou levando em consideração o salto tecnológico de rodas, aerobars, capacetes, sapatilhas, pedivelas e outras coisas.

Na minha cabeça, o que fica é a seguinte idéia – independente da bike que você use, o aumento do desgaste para se chegar perto desses tempos é absurdo, e como o pedal é apenas uma fração do dia, não vale a pena arriscar!

Outra contradição em Kona são as Cervélos P3... Quase todo mundo tem uma, e a bike não consegue um campeonato mundial, um recorde de pedal! e aquela que é a bike mais vitoriosa do mundo em provas de Ironman continua a ver navios no Hawaii. Fico imaginando o que aconteceria com essas (que já são as bikes mais vendidas para o triatlo), se ela tivesse um campeonato mundial?!?!?

E embora a maior parcela de investimento no nosso esporte venha para o ciclismo, não têm sido ele que tem decidido os campeões mundiais L


Tour de France 2010



Parceiros de equipe em 2009 mas inimigos na estrada, Lance Armstrong e Alberto Contador voltaram a se encontrar nesta quarta-feira. Eles estiveram na apresentação do percurso de 2010 da Volta da França, que foi vencida pelo espanhol Contador nesta temporada - a atração em 2009 foi justamente o retorno de Lance da aposentadoria.

E, enquanto os dirigentes se preocuparam em mostrar o trajeto para a próxima edição da competição, que terá 3.600 km em 20 etapas, os ciclistas voltaram a trocar algumas alfinetadas. Pela parte de Contador, tirando Lance da lista de "grandes rivais" para as próximas disputas. Já o norte-americano afirmou que não é só o espanhol que o preocupa nas competições.

Contador elegeu Andy Schlek como adversário a ser batido. "Ele é meu principal rival. É o corredor que está mais próximo e com quem tive batalhas nas montanhas. Ele ainda sabe se beneficiar dos contrarrelógios", elogiou Contador, bicampeão do Tour.

Sobre a edição de 2010, ele fez elogios ao percurso. A prova terá mais etapas de montanha do que na última edição, sendo que a cadeia dos Pirineus, na última semana, definirá o resultado. "Será um Tour mais duro do que o de 2009, e as montanhas serão mais importantes para o geral do que o contrarrelógio", analisou.

Lance Armstrong, que tentará mais uma vez o octocampeonato da Volta da França, também citou Andy Schlek, de Luxemburgo, como um dos favoritos, assim como o irmão de Andy, Franck. Outro que deve despontar, segundo ele, é Bradley Wiggins, britânico.

Sobre o percurso, ele avaliou que haverá mais probabilidades de uma corrida mais aberta, depois de um Tour dominado por Contador em suas etapas finais. Na próxima edição, os rivais não serão mais companheiros de equipe, já que Lance criou seu próprio time, a RadioShack.

Uma novidade para 2010 é que o Tour saíra de Roterdã, na Holanda, passando por Bruxelas e Spa, na Bélgica, antes de entrar na França. A chegada, como é tradicional, terá como destaque o Champs Elysees, em Paris. A competição vai de 3 a 25 de julho.

Mexendo no time

Dizem que em time que está ganhando não se mexe, certo? Eu nunca fui fã de fazer mudanças significativas durante a temporada, mas alguns acontecimentos me fizeram tomar a decisão de adiantar a estréia da minha nova bike para este ano.

O quadro Wilier Cento Crono, ia ser usado até o final do ano para provas de pista... mas que provas? Primeiramente a federação paulista de ciclismo organizou o troféu Mário Covas de Pista com duas etapas e em NENHUMA DELAS teve prova de perseguição individual. Motivo? Toma muito tempo!?!?!? É... essa mentalidade vai ter que mudar MUITO nos próximos 6 anos! Depois, o campeonato brasileiro de pista que estava marcado para os dias 31/out e 1/nov foi mudado para o final de semana do Long Distance de Pirassununga, e como esta é a "minha" prova este ano infelizmente não vou poder participar do brasileiro que vai acontecer no velódromo do Pan (agora, das olimpíadas) no Rio.

Relutei muito, mas acabei montando a Wilier e agora ela tem 4 semanas pra me convencer que vai conseguir ser pelo menos tão rápida quanto a Kuota ;-)

Ontem estive no Rogerinho acertando os finalmentes e gostei muito do fit.

Chamando Sr. Boardman

Hoje, o programa era ter ido testar no velódromo, mas era lógico que ia chover no dia da estréia, então mudei os planos e o treino e passei pra "Hora da Dor" no rolo...

Lembra das dicas do Sr. Recorde da Hora? então, usei a versão que eu mais sofro daquele treino: uma hora intercalando 1 minuto acima de 400w e cadência na casa dos 50 RPM, com 1 minuto de giro leve e cadência acima de 90 RPM. No final acaba sendo 30 minutos de trabalho em potência de VO2 e um trabalho de força que é impossível duplicar na estrada, a não ser que tenha uma subida de 1h de duração.


Não deu pra ter idéia do quanto a bike anda, mas com certeza já deu para perceber que eu não perdi força na posição nova e nem vou precisar de muito tempo pra me adaptar, apenas alguns ajustes finos antes do primeiro treino longo dela na estrada.

No final do treino parece que as coxas ficam "gelatinosas"; o toque de crueldade do treino foi que o ventilador quebrou... e correr depois não foi uma tarefa fácil, mas nunca é :-)

Histórinha da HORA!


O ano de 2002 provavelmente marcou a interseção de duas grandes paixões, eu me dividia igualmente (70% para cada) entre o mergulho e o triatlon, foi o ano de expedição para Bonito com uma bike agregada a quase meia tonelada de equipamento de mergulho e de viagens à Noronha para cursos onde os dias começavam antes da 5 da manhã para dar tempo de treinar antes de carregar o barco e sair pro mar...

Foi neste ano que o Mr. Recorde da Hora Chris Boardman por muita sorte entrou para o mundo subaquático através da certificadora que a gente representava aqui no Brasil. Não precisa dizer que os fóruns de discussão da GUE (Global Underwater Explorer) pararam de falar sobre tabelas de descompressão, misturas gasosas, mergulhos profundo para falar sobre CICLISMO, e eu como um recém apaixonado aproveitava para sugar cada pedacinho de informação que podia deste herói que para mim era até então um ilustre desconhecido.

Algumas coisas me marcaram bastante dos posts do Sr. Boardman no fórum de mergulho...

A primeira e talvez a que eu mais usei desde então foi exatamente aquela que eu julguei ser a receita do sucesso (e do recorde até hoje vigente) do Sr. Boardman.

Quando perguntado por um dos participantes à que ele atribuía sua marca, se era devido à sua condição física superior, ele disse mais ou menos o seguinte: excetuando o fator psicológico (que julgava ser o de maior peso para quem busca tal marca) ele sabia que não era melhor do que nenhum dos antecessores, sabia que seu limiar de potência era inferior ao grande Indurain, Rominger e Moser. Mas ainda segundo ele, só precisava conseguir usar toda sua força numa posição mais aerodinâmica (superman) que ele bateria o recorde. E realmente ele tinha razão, com 445w ele colocou mais de um kilômetro no recorde anterior estabelecido por Rominger (que usou 468w) e mais de 3km no recorde de Miguel Indurain que usou assustadores 477w!!!

O segredo para isso, de acordo com Boardman, vinha de um treino de força que ele fazia. Usando a posição da prova ele fazia séries de “musculação”, várias repetições de 1min numa resistência muito alta (ele nunca entrou no detalhe dos números, infelizmente) com cadência absurdamente baixa, por volta dos 30RPM, recuperava e repetia. Lógico que ele nunca deu detalhes do protocolo, mas falou muito sobre os benefícios desse treino: Adaptação da musculatura, ganho de força, aumento do alongamento muscular, grande recrutamento de fibras musculares, alem de obviamente se preparar para a tortura de andar no limite por uma hora.

Diz o ditado que nunca se deve copiar o treino de um campeão porque a gente nunca sabe se ele é campeão por causa do treino ou apesar do treino, mas lembro que ele foi muito persuasivo na época e eu passei a aceitar a idéia como verdade, e incorporei aos meus treinos.

Hoje durante o pedal no troféu Brasil eu tive um momento daqueles que tudo estava perfeito, as pernas estavam excelentes e tudo fluía... foi quando eu me dei conta do resultado deste tipo de treino: Quando você briga contra o vento, quanto mais força você faz, mais ele te empurra pra traz. Portanto, a inércia tem que ser mantida a todo custo durante o ciclo de pedalada, e quando mais rápido você anda, mais isso se torna imprescindível. Se tua pedalada vai aos trancos, em cada “ponto morto” do ciclo o vento vai vencer a batalha. E os treinos “a la Boardman” ensinam tuas pernas a vencer a batalha contra o vento nos 360o.

Para quem gosta de números e história, este link mostra detalhes dos recordes da hora, enjoy!

A Lição do Bambu Chinês

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto não se vê nada, por aproximadamente 5 anos exceto lento desabrochar de um diminuto broto,a partir do bulbo.Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.

Então, no final do quinto ano, o bambu chinês, cresce até atingir a altura de 25 metros.

Um escritor de nome Covey escreveu: Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês.

Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e, às vezes não vê nada por semanas, meses, ou anos.

Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu quinto ano chegará, e, com ele, virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava.

O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos, de nossos sonhos, de nosso trabalho, especialmente de um projeto fabuloso, que envolve mudanças... de comportamento, de pensamento, de cultura e de sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês, para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.

Procure cultivar sempre doisbons hábitos em sua vida: a Persistência e Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos!!!

É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.

Vassoura nova...

Dizem que vassoura nova varre bem, por isso vou esperar um pouco mais para poder comentar sobre o novo quadro.

Ontem fiz o bike fit da bike montada para pista com o Rogerinho. Infelizmente acabou sendo meio na correria por causa de problemas no trabalho, mas eu saí bem satisfeito com o resultado.

Aqui o vídeo do bike fit dela pronta para provas de perseguição:

Não foi difícil de acostumar com uma posição mais confortável e mais alongada devido ao quadro ser 1cm mais comprido que a minha bike anterior, principalmente por ele ter geometria mais agressiva (78o) e proporcionar uma posição mais aerodinâmica.

Eu sempre fui da opinião que toda mudança em posicionamento tem que ser testada "sob pressão" e o treino de hoje no velódromo em americana serviu pra colocar todos os tipos de "pressão" possíveis na minha nova posição. Serviu também para perceber que alguns ajustes pequenos ainda se fazem necessários: o selim acabou ficando um pouco alto, e eu sentia o pé "flutuar" um pouco com falta de força no ponto mais baixo do ciclo de pedalada; outro ponto foi que enquanto eu fazia força sentia que ao deslocar para frente no selim sentia um grande ganho de potência, infelizmente para a prova de perseguição ainda não vou poder mudar isso, mas quando montar a bike para triathlon com certeza vou conseguir chegar perto dos 80o de angulação.

A grande notícia de hoje é que finalmente saiu a programação para o Interestadual de Pista que vai acontecer nos finais de semana de 18,19, 26 e 27 de setembro e as provas de perseguição individual ficaram para o segundo final de semana no velódromo de caieiras, assim sendo eu não vou precisar competir nos 2 dias antes do Troféu Brasil de Santos ;-)

Eu x Vento

Eis minha mais nova aliada nesta batalha... Estréia programada para os dias 18 e 19 de setembro no Interestadual de Pista em Americana...

Corrigindo...

Uma troca de e-mail com companheiros de equipe...


Na minha opinião não tem tempo mais bem gasto em cima da bike do que corrigir a técnica de pedalada, é o ponto mais fácil de dissipar energia. Toda a potência produzida pelas coxas e panturrilhas pode virar poeira se o ciclo da pedalada for ruim, se a sapatilha for ruim, se o taquinho estiver mal posicionado, etc.. Existem 3 tipos de exercícios que eu gosto e costumo fazer pra trabalhar técnica de pedal, se você procurar existem bem mais, mas na minha opinião esses 3, se bem feitos cobrem 99% dos nossos problemas.

Antes de tudo, leve em consideração que a gente nunca vai passar o tempo que um ciclista passa em cima da bike, por isso, sempre que estiver focando em educativos e corretivos procure estar num local onde você concentre 100% no que vc está fazendo (rolo é o ideal) e só nisso, portanto não tente ganhar condicionamento num treino de educativo. Você pode sim, como eu faço, colocar os educativos antes de algum treino ou no final dele, como parte do aquecimento ou da soltura.

1º - O bom e velho “pedal com um pé só” ou OLD (one leg drill) – no rolo, ou numa rua plana e sem movimento (e sem vento contra também) pedale por intervalos alternados de 30-60seg com cada perna, dando um break a cada 2-3 repetições. Por exemplo: aquece uns 10min e faz 2x 30seg pedalando com cada perna, depois gira uns 60-120 segundos e repete. Quanto fazer? Honestamente, o quanto o cérebro agüentar, eu já fiz 1hora de treino assim direto, mas não recomendo tudo isso pra ninguém, principalmente pra amigo. Um bom treino seria umas 10 repetições da série, o que daria um total de 10min pedalando com cada perna.

Agora o importante: No começo você vai sentir que é fácil, mas não é. O fato de estar pedalando com uma perna só evita o efeito de compensação que existe com as duas pernas, você vai sentir muito a fadiga principalmente na puxada da perna porque você não tem a outra pra ajudar, por isso, sempre em marcha leve e cadência confortável. No começo você vai sentir uns socos no pedal – isso é normal, você está ensinando tua musculatura pedalar redondo e não quadrado, por isso se começar a dar muito tranco na corrente (não se preocupe, vc vai sentir o que é isso que eu to falando) você pode diminuir um pouco a cadência ou parar e trocar de perna. Você vai sentir que quanto mais tarde no treino maior a tua tendência de dar esses “soquinhos” por isso eu ADORO fazer esse tipo de corretivo no velódromo depois de tiros fortes.

Imagine que estar pedalando pelos calcanhares, que o ponto de força vem do calcanhar. Isso vai fazer com que você evite “embicar” o pé.

Normalmente nesse tipo de corretivo você usa uma cadência bem menor que a que vc usa normalmente nos treinos ou provas, é normal... Nos intervalos (entre uma série e outra) ainda sem resistência, pedala normalmente como vc pedala na rua, só que não tira a técnica da cabeça. Continua imaginando o círculo e como ele parte do calcanhar.

Começa aos poucos e vai aumentando, nunca deixando a “perfeição” de lado. Se for na rua, procura um lugar bem calmo plano.

2º - Spin-ups – Esse é de doer, basicamente você vai ensinar padrão de giro sob um certo stress neuro muscular.

Aquece bem (esse precisa estar mais aquecido do que os outros), depois sem pensar em resistência, ou seja, uma carga bem leve, aumente tua cadência até você sentir a kicar em cima do banco, nesse ponto diminua um pouquinho e segure essa cadência por um minuto. Ex, se você começa a kicar com 130RPM, cai pra uns 120 e mantem por um minuto inteiro. A velocidade das contrações fazem com que você elimine os pontos mortos do ciclo de pedalada. Continua prestando atenção nos pés e no círculo, mas o mais importante aqui é “sentir” a kicada no selim, vai ver que com o passar do tempo você vai começar a kicar com maior cadência, e vai se sentir muito mais confortável em cadências mais altas. Quanto fazer? Eu não recomendo mais que 15 dessas num treino, a recuperação tem que ser o suficiente pra você fazer outro sem fadigar “neuromuscularmente” (se é que isso existe) – eu cosyumo girar leve pelo menos uns 3 minutos.

Como esse é um corretivo que precisa de pernas mais “frescas” eu gosto de fazer antes de treino de tiro, faço uns 5 desses. Ajuda a musculatura a soltar pra pancadaria. Você pode também casar ele com o de uma perna só e fazer uma sessão só de corretivos, tipo: aquece, faz uns 5-8 desses e depois umas 4 séries do O.L.D. e solta. Mas nunca case com o 3º!!!!

3º - Big Gear – OK, esquece que eu disse que nenhum deles dava ganho de condicionamento. Não fala nada pra ninguém, mas esse é o must, além de “ensinar” as contrações musculares corretas para CRI, ainda podem agregar o fator “força” na pedalada.

No Rolo, ou uma subida leve e longa: faça no máximo 30-40min de intervalos (preferencialmente 5-10min cada) em cadência pesada, o que é qq coisa em torno de 50-60RPM. No começo não pensa em fazer força, o importante é que você concentre no ciclo da pedalada. O fato de estar fazendo com cadência MUITO baixa dá tempo mais que suficiente pra você prestar atenção em todas as fases do ciclo do pedal, empurra / desce / puxa / sobe e isoladamente em cada perna. Essa é a hora de colocar em prática a pedalada “do calcanhar”, concentra a força das pernas pra todo o giro do pedal. Começa com intervalos de no máximo 5min, vai acostumando e vai aumentando. Depois de umas 3-4 semanas pode começar a fazer força... não liga, pois normalmente a FC não sobe nesse tipo de treino, mantém sempre um nível de espforço em que você ainda pode conversar (ok, pode bufar um pouco durante a comversa) mas diminui se você perceber que o padrão de pedalada ta se deteriorando.

Segundo o Chris Lieto, pedalar bem em Triathlon / CR é uma função de força e contrações musculares eficientes, ele mesmo (além de inúmeros outros grandes ciclistas) usa isso o ano todo, de acordo com a Triathlete Magazine ele faz essas séries com 45RPM de cadência e FC abaixo de 150bpm – o que pra ele deve gerar uma potência e uma velocidade absurda J

Sempre faça esse exercício na posição aero (clipada) pois ele ajuda a desenvolver força na posição que vc mais precisa dela e menos tem. Além de ajudar a fortalecer a musculatura estabilizadora de abdomem e lombar. E, se vc falar pra algém que eu disse isso eu nego, ajuda a aumentar a flexibilidade em cima da bike!

Cuidados com esse tipo de exercício: Joelho e lombar – qq dor mesmo que for de leve, pare, recupere e comece de novo com menos carga/intensidade, não apresse a adaptação ela pode ser rápida pra alguns e lenta para outros. No caso específico dos joelhos, se começar a doer na frente o banco pode estar baixo, se a dor for atrás, o banco pode estar alto. Pode ter alguma influencia em posicionamento de taquinho ou sapatilha, por isso qq problema procura o Rogerinho pra ajudar com melhoras no posicionamento.

Importante, tirando o 1º, os outros “podem” ser feitos em bike de spinning, mas eu parto do princípio que especificidade é TUDO nesses esporte, por isso SEMPRE dê preferência pra fazer na TUA bike na TUA posição com o TEU equipamento!!!

A Galera, O Treino e Coisas Importantes...

A Galera...

Que performances no 70.3 este último Sábado. Na Elite feminina, Vanessa Giannini, em mais um show consquistou o titúlo com uma corrida IMPRESSIONANTE e a Talita chegando em sexto lugar numa prova excelente somente seis dias após ter sido bronze no brasileiro de longa distancia em Vitória... Que Show... não cabe nesse blog a admiração que eu tenho por essas duas, nem o quanto representa poder treinar quase que diariamente com elas!

Meu “brother” Ferra, numa grande prova conquistou um 8o lugar naquela que foi uma das mais duras em termos competição em nossa categoria, conquistando a vaga para o mundial na Flórida, vaga esta que por motivo de força maior ele teve que deixar passar. Parabéns mais uma vez pela performance e ainda bem que ano que vem você muda de categoria J

Na volta ciclística do estado de São Paulo, meu grande amigo Adriano Martins foi um monstro. Numa prova de nível altíssimo trabalhou duro pra garantir uma das camisas para sua equipe, a camisa de Rei da Montanha ficou com a equipe da Real Padaria de Sorocaba.


O Treino...

Já que estava grande parte da família RM em Penha, arrumei mais duas “topeiras” (que “topam” qualquer coisa) e fomos fazer um senhor treino em Campos do Jordão, eu o Ale e a Jú.

Simples: 110km em 4h de pedal, com mais de trinta deles subindo. Saímos de Taubaté subimos a Campos, descemos para o Sul de Minas (pra quem conhece é a serra da copa VO2) e depois voltamos tudo de novo. Duas subidas de serra, uma de vinte e outra de treze kilômetros. Mais de 2500m de ganho de altitude. Temperaturas que variaram de 30oC no pé da serra aos 12oC no topo, picada de abelha na descida, sangue, suor e lágrimas...

Os benefícios de um treino desses são inúmeros: força, endurance, técnica... mas talvez o maior deles seja o benefício psicológico. Algo em torno de uma hora de esforço contínuo, sem folga... duas vezes????

Sem contar o visual...


As Coisas Importantes...

O final de semana foi produtivo mesmo, meu grande amigo, companheiro de aventuras subaquáticas, e “pai carioca” Marcus Werneck esteve aqui em Campinas para um curso de instrutores de resgate e primeiros socorros. Eu aproveitei pra matar a saudade da galera, lembrar de coisas boas quase esquecidas de um passado não tão distante.

Serviu também para ver que muito do que eu aprendi no meu curso de primeiros socorros também já não estão mais vivos na minha memória.

O pouco tempo que pude acompanhar das aulas não só serviram para me mostrar que eu preciso de uma reciclagem urgente, como mais importante, serviram para me mostrar que todos nós atletas precisamos de um curso desses. Acidentes acontecem em todo lugar, em nosso esporte com nossa exposição eles estão mais evidentes. E os fatos que sucedem imediatamente os acidentes são cruciais para a sorte do acidentado.

A conversa que me abriu os olhos foi bem simples:

- Luis, quando você mergulhava você não confiava no teu dupla (parceiro de mergulho) para te assistir em caso de acidente?

- Sim!

- E para isso você não mergulhava somente com aqueles que pudessem te socorrer caso algo desse errado? Com aqueles que você pudesse confiar literalmente “até debaixo dágua”?

- Sim

- Agora você está numa exposição de risco bem maior que quando mergulhava e não cuida mais desse tipo de segurança????

- ...

Para aqueles que se interessarem, em breve eles vão montar um curso de primeiros socorros dirigidos às nossas necessidades. Vai cobrir desde o mais simples, como lidar com arranhões e ossos quebrados até como socorrer vitimas de acidentes cardiovasculares.