A Galera, O Treino e Coisas Importantes...

A Galera...

Que performances no 70.3 este último Sábado. Na Elite feminina, Vanessa Giannini, em mais um show consquistou o titúlo com uma corrida IMPRESSIONANTE e a Talita chegando em sexto lugar numa prova excelente somente seis dias após ter sido bronze no brasileiro de longa distancia em Vitória... Que Show... não cabe nesse blog a admiração que eu tenho por essas duas, nem o quanto representa poder treinar quase que diariamente com elas!

Meu “brother” Ferra, numa grande prova conquistou um 8o lugar naquela que foi uma das mais duras em termos competição em nossa categoria, conquistando a vaga para o mundial na Flórida, vaga esta que por motivo de força maior ele teve que deixar passar. Parabéns mais uma vez pela performance e ainda bem que ano que vem você muda de categoria J

Na volta ciclística do estado de São Paulo, meu grande amigo Adriano Martins foi um monstro. Numa prova de nível altíssimo trabalhou duro pra garantir uma das camisas para sua equipe, a camisa de Rei da Montanha ficou com a equipe da Real Padaria de Sorocaba.


O Treino...

Já que estava grande parte da família RM em Penha, arrumei mais duas “topeiras” (que “topam” qualquer coisa) e fomos fazer um senhor treino em Campos do Jordão, eu o Ale e a Jú.

Simples: 110km em 4h de pedal, com mais de trinta deles subindo. Saímos de Taubaté subimos a Campos, descemos para o Sul de Minas (pra quem conhece é a serra da copa VO2) e depois voltamos tudo de novo. Duas subidas de serra, uma de vinte e outra de treze kilômetros. Mais de 2500m de ganho de altitude. Temperaturas que variaram de 30oC no pé da serra aos 12oC no topo, picada de abelha na descida, sangue, suor e lágrimas...

Os benefícios de um treino desses são inúmeros: força, endurance, técnica... mas talvez o maior deles seja o benefício psicológico. Algo em torno de uma hora de esforço contínuo, sem folga... duas vezes????

Sem contar o visual...


As Coisas Importantes...

O final de semana foi produtivo mesmo, meu grande amigo, companheiro de aventuras subaquáticas, e “pai carioca” Marcus Werneck esteve aqui em Campinas para um curso de instrutores de resgate e primeiros socorros. Eu aproveitei pra matar a saudade da galera, lembrar de coisas boas quase esquecidas de um passado não tão distante.

Serviu também para ver que muito do que eu aprendi no meu curso de primeiros socorros também já não estão mais vivos na minha memória.

O pouco tempo que pude acompanhar das aulas não só serviram para me mostrar que eu preciso de uma reciclagem urgente, como mais importante, serviram para me mostrar que todos nós atletas precisamos de um curso desses. Acidentes acontecem em todo lugar, em nosso esporte com nossa exposição eles estão mais evidentes. E os fatos que sucedem imediatamente os acidentes são cruciais para a sorte do acidentado.

A conversa que me abriu os olhos foi bem simples:

- Luis, quando você mergulhava você não confiava no teu dupla (parceiro de mergulho) para te assistir em caso de acidente?

- Sim!

- E para isso você não mergulhava somente com aqueles que pudessem te socorrer caso algo desse errado? Com aqueles que você pudesse confiar literalmente “até debaixo dágua”?

- Sim

- Agora você está numa exposição de risco bem maior que quando mergulhava e não cuida mais desse tipo de segurança????

- ...

Para aqueles que se interessarem, em breve eles vão montar um curso de primeiros socorros dirigidos às nossas necessidades. Vai cobrir desde o mais simples, como lidar com arranhões e ossos quebrados até como socorrer vitimas de acidentes cardiovasculares.

Virando a caça!


É quase certeza que na hora em que esta foto estava sendo tirada eu ouvia a seguinte frase do carro de apoio: “Senta que você está gastando energia a toa!” era a voz da Talita que, em parte estava aproveitando a oportunidade para dar um “troco” pelas vezes que eu falo isso pra ela durante nossos treinos, mas que com certeza não estava brincando e sim me ajudando muito ao me alertar por estar fazendo algo errado - O conselho de alguém que te conhece olhando de fora é extremamente valioso nesses momentos, e naquele nível de esforço essas coisas que passam despercebidas poderiam acabar com a minha prova...

Não é o fato de ficar de pé num contra-relógio, isso acontece e existem momentos específicos onde tal energia extra deva ser gasta, mas sim o fato de estar fazendo isso muito mais que o normal.

Ao chegar em casa semana passada, ainda feliz com o resultado obtido no paulista de contra-relógio, fui analisar meu arquivo de potência da prova, e uma surpresa: o desperdício de mais de 5% de energia sem obter velocidade em troca. Resumindo, tivesse eu feito uma prova melhor dosada, poderia ter andado o mesmo com 5% a menos de energia ou poderia ter andado mais rápido com a mesma força.

Como isso é calculado é um pouco complexo de se explicar agora (falo disso em outra oportunidade) mas basicamente o programa de análise de potência leva em consideração toda oscilação de potência durante o esforço e calcula gastos “desnecessários” acima da média gerada – Óbvio, que zero de desperdício de energia é algo bem difícil de se conseguir em percursos de estrada ainda mais para aquele perfil bastante “variado” e técnico, mas comparando com percursos parecidos acredito que um desperdício de 2-3% estava no limite do aceitável, e eu perdi feio numa área que eu sempre me julguei bom: consistência de esforço.

O “pace “em si foi muito bom, afinal a 2a metade do percurso eu fiz mais forte do que a primeira, e a passagem dos 15 aos 20km foram incrivelmente forte. Mas o que me perturbou foi aquela oscilação.

O fato de ter largado na Elite, com certeza teve seus efeitos sobre minhas decisões durante a prova. O atleta Jeovane de Oliveira, mais (ou somente) conhecido como Maminha, campeão paulista de 2008 estava largando duas posições (2min) atrás de mim, o que colocou uma pressão para eu começar mais forte que o normal. Em 2006 quando corri com a equipe de Ribeirão Preto, nós treinamos juntos e eu sabia que ele era muito forte no CRI, ainda mais em um terreno como aquele.

Mas o erro não veio da largada. Até a metade do percurso o “desperdício” ainda estava dentro do aceitável. O fato de no retorno eu ter visto que ele vinha a menos de 10 segundos atrás de mim fez com que eu “atacasse” muito mais as subidas na volta – A idéia de ser passado por um atleta num contra-relógio me assombrava àquela altura, eu nunca fui passado num contra-relógio e talvez esse tenha sido o fator que me levou a abandonar minha tática de prova e apelar para o instinto de sobrevivência. No final das contas funcionou, ele não me passou e nos últimos 5km consegui abrir um pouco dele. Mesmo assim ele fez uma excelente prova e foi 3o colocado – parabéns Maminha!

Não tenho a menor dúvida de que se eu tivesse mantido minha estratégia de prova e dosado a potência como eu costumo fazer teria desenvolvido uma velocidade media maior. Se isso teria influência em colocação melhor na prova é muito difícil de dizer, mas eu realmente aprendi muito correndo com uma pressão que até então eu nunca tinha dado importância.

Lance de volta às origens???

Não é segredo para ninguém, que Lance Armstrong (talvez o ciclista mais popular entre nós triatletas) começou no no triatlo, e talvez por isso todos nós nos perguntamos o que ele seria capaz de fazer em Kona...

Bom, parece que não vamos ter que esperar muito mais tempo pra descobrir. De acordo com uma entrevista dada após o Leadville 100, Mr 7x Tour de France deixou escapar que pretende voltar para o triatlon e correr o Ironman do Hawaii. E aí?

Mais fotos de Quadra


Jujú no aquecimento:

Eu e Hely "chacoalhando" as pernas:

O grande Hely em ação - Sangue nosóio:

Grande Galera, os Triatletas que fizeram bonito e a inestimável equipe de apoio:

Em cima: Eu, Hely, Alê e Ivan Albano; Em baixo: Jú, Tá, Ana e Ferra



Em Quadra

Nada melhor que enfrentar os melhores pra saber o quanto bom (ou ruim) somos. E foi isso que eu fiz esse final de semana, fui para o paulista de Contra Relógio, na bela cidade de Quadra no interior de SP.

Depois de muito apurrinhar a paciência do pessoal da federação paulista consegui mudar meu status para a Elite e largar entre os melhores.

Um circuito muito técnico e cheio de subidas, o que com certeza não favoreciam minhas qualidades de contra relogista. Mesmo assim estava com muita energia e 100% motivado… o fato de ter descoberto que minha inscrição na elite foi confirmada somente na noite antes da prova abalou meu sono pré prova, e o primeiro contra-relógio do fim de semana começou na sexta-feira lá pelas 11h da noite e durou quase a noite toda J

Fiz uma boa prova, fiquei em nono no geral e muito feliz com a minha performance. Meu ciclismo realmente está num nível que nunca esteve antes, estou muito mais forte do que estava há dois anos atras quando fui campeão paulista amador de CRI.

Mas hoje minha prova não interessa muito…

Há mais ou menos um mês atrás, a incansável Jú Berti me pediu pra arrumar uma prova de ciclismo pra ela participar. Acho que ela ainda estava empolgada pela brilhante participação nos jogos regionais e queria competir mais sobre duas rodas. Na hora não achei nenhuma prova que valesse a pena fora o campeonato paulista de Contra-Relógio. Mesmo ela sendo uma triatleta das boas, eu imaginava que, talvez essa não fosse uma boa prova pra ela. Atleta leve e resistente, talvez fosse melhor numa prova de estrada longa e com bastante subida. Doce engano!!!

Sábado, 6h da manhã em Indaiatuba e ela estava mais na “pilha”do que eu. Dava pra sentir o cheiro da adrenalina!

Não deu outra, mesmo sendo a primeira a largar na Elite feminina, sem referência das outras competidoras e correndo contra ciclistas muito mais experientes ela emplacou um MARAVILHOSO 2o lugar na geral, deixando ainda muitos marmanjos a ver navios.

Deu entrevista pra televisão e foi “sondada” por equipes de ciclismo… Preciso falar se senti orgulho?!?!?

Jújú, mais um PARABÉNS pela assustadora performance!

Perdi para o meu grande amigo Adriano Martins – ciclista da equipe da Real Padaria de Sorocaba!

Essa é uma brincadeira nossa e falei pra ele que ia colocar no Blog J

Pra quem não sabe, o Adriano é um dos grandes nomes do ciclimso no Brasil. Já correu por várias equips de ponta, foi campeão da volta ciclística de Goiás, tem pódio na volta de Mondozza na Argentina e incontáveis outras vitórias.

Sabe aqueles dias realmente especiais? Em que ele está mal e eu voando??? É, já aconteceu duas vezes e eu bati ele em um contra-relógio… história pra contar para os netos J. Quantas vezes ele já me bateu? Contando com ontem… hummm…. Sei lá, não dá nem pra computar!!!!

Ele acabou ficando em 4o lugar no Paulista, a míseros seis segundos do terceiro e onze segundos do segundo lugar! Ficou meio “aperreado” com isso... Hoje foi em Boituva e chegou em segundo no paulista de resistência. Um dia que eu mal me aguentava em pé, ele partiu numa fuga e adeus galera.

Fica aqui meus parabéns também pra esse super atleta e super amigo, que não só é responsável por quase tudo que eu sou e faço em cima de uma bike hoje, como também é o principal responsável por eu não ter largado o esporte.

Registro também a brilhante participação dos triatletas Alê Gantus e Hely Peres de Indaiatuba, primeira participação em provas de contra relógio. Hely ficou em 4o na categoria Senior B, e a detalhes de brigar pelo pódio – eu tenho certeza que da próxima vez o troféu não escapa. E o Alê, um excelente desempenho com um 7o lugar na Senior A, batendo muito ciclista mais forte que ele e mostrando que ainda tem muita lenha pra queimar nesta brincadeira, mesmo nadando e correndo muito!

PARABÉNS GALERA!

FOI UM DIA MUITO BACANA!

1,2,3... Testando!

Foto do pelote feminino no treino de sábado... não me lembro exatamente das palavras do Sebá, mas ele descreveu muito bem a sensação que é sair pra pedalar com essas meninas com algo do tipo "não é que a gente sai pra treinar com elas e passeia. Elas andam com a gente e se dermos bobeira a gente sobra e elas continuam"


Como parte da preparação para o Paulista de CRI em duas semanas, aproveitei o treino de sábado para fazer um teste e assim poder corrigir minhas intensidades nos próximos treinos e também ter uma base para dosar as forças no dia da prova. Inicialmente ia fazer um CR de 40km após um longo aquecimento, mas devido às condições favoráveis e veloz do circuito escolhido acabei estendendo para 50km. O resultado foi satisfatório e até mesmo um pouco acima do que eu esperava nesta fase que estou atravessando.

De todos os marcadores de performance, o mais importante para um contra-relogista é a potência no limiar de lactato. Infelizmente (ou felizmente) a determinação precisa deste número só pode ser feita com testes invasivos e muito caros para um atleta comum ter a disposição. Quem leu o livro “A Guerra de Lance Armstrong” deve se lembrar do teste que o dr. Michelle Ferrari conduzia com os ciclistas de esforço progressivo em uma subida constante, onde ele tirava amostra de sangue dos ciclistas no topo de cada subida e os fazia repetir a exaustão para conseguir determinar o limiar de potência no lactato de cada um. Para isso, várias subidas eram realizadas e cada uma com um mesmo incremento de potência... Complicado demais para um simples “mortal”.

Uma maneira mais simples (mas não menos dolorida J) de relacionarmos nosso limiar de lactato é através do “limiar funcional”ou funtional threshold (FT) como determinado pelo Dr. Andy Coggan no livro “Training and Racing with a Powermeter”.

De acordo com Coggan, o FT de um ciclista é “o maior esforço constante que o atleta é capaz de produzir durante um período de aproximadamente uma hora”, algo como um CRI de 40km, ou uma escalada de aproximadamente 20km. Esforços estes onde o ciclista despejaria a maior potência quase constante possível, e nada mais restaria no tanque.

Vamos concordar que fazer um “tiro” de uma hora no limite não é uma das coisas mais prazerosas do mundo, e que além de envolver uma logística como local adequado, clima, condições de tráfego de outros veículos e etc.. ainda teríamos que lidar com o custo “psicológico” de se torturar por tanto tempo pelo simples fato de nos testarmos...

Com isso em mente técnicos e cientistas do esporte desenvolveram outros métodos de estimarmos esse limiar, alguns exemplos são tiro de 20min bem dosado executado após um de 5min, a media de 2 tiros consecutivos de 20min, e por aí vai.

Testar é treinar e treinar é testar...

Quando um atleta encara um teste como somente um teste, as vezes fica aquela sensação de “só isso?!?!”. Mas um teste como esses deve ser encarado como um treino duríssimo – Minhas pernas ainda estão sentindo os 50km de sábado L

Ao mesmo tempo, todo atleta deve encarar os dados coletados de treinos como “testes”- não que cada treino deva ser um competição consigo mesmo, que tenhamos que atingir novas marcas de potência a cada tiro, a cada intervalo. Mas que a cada treino seja feita uma referência, uma análise da potência alcançada e mantida para que nos mantenhamos no caminho correto. Como exemplo, tiros feitos para aumentar o limiar devem ser mantidos numa faixa de 94-104% do FT do atleta, mas se o atleta percebe que essas intensidades estão se tornando cada vez mais fáceis e se ele constantemente se pega acima desses valores nos tiros, é porque talvez seu FT tenha aumentado e talvez esse seja o sinal que é hora de testar novamente!

E para o triathlon?

É a mesma coisa, o FT continua sendo o melhor marcador de performance, a única diferença é que enquanto num CRI a gente usa o limiar como base sólida (sempre com esforços nele ou pouco acima) no tritahlon “operamos” com frações deste marcador. Lógico que números variam de atleta para atleta, e dependem em grande parte do quanto tempo este atleta vai levar a mais (ou a menos) para terminar a prova, mas como uma base segue uma tabela feita com analise de vários atletas com habilidades diferentes:

Short – 97%-102% do FT

Olímpico – 89% - 92% do FT

½ IM – 80-85% do FT

IM – 72-78% do FT

Lógico que atletas profissionais de ponta podem (e devem) competir em níveis muito acima dos citados.