“Nós somos o que repetidamente fazemos. Excelência então não é um ato, mas um hábito” – Standing Start.
Infelizmente (ou felizmente, uma vez que pra mim isso simplifica bastante as coisas) praticamos um esporte onde a especificidade é tudo, portanto treinar do jeito que competimos é a melhor estratégia. Por isso sou da opinião que, a não ser que você seja um profissional que consegue passar muitas horas em cima da bike, semana após semana, mês após mês e ano após ano, você deve passar o tempo disponível treinando na bike que você compete, na posição que você compete em terrenos próximos ao que você compete, ponto.
Mas, parafraseando um grande amigo “alternância e inovação são o segredo da longevidade” (muito cuidado ao usar isso fora da vida esportiva J), quando fora de temporada ou longe de provas alvo existem alguns benefícios que podem ser tirados ao se misturar um pouco as coisas. Mas para que você não se desvie muito do caminho, nem de seus objetivos, alguns cuidados têm que ser tomados.
Sempre que eu adquiro uma bike não específica para triatlo / contra-relógio, observo algumas coisas:
1o – Conforto: como a tua bike de competição, qualquer outra bike que você tiver no teu “estábulo” deve proporcionar um treino agradável, por mais doído que ele seja J
2o – Fit: Eu sei que geometrias variam muito entre MTB’s, Road’s, Tamdem’s e etc.. mas uma coisa eu procuro deixar sempre parecida – a angulação do quadril. Na minha speed, e na bike de pista (cada uma com uma angulação diferente), quando segurando em baixo e fazendo força, o ângulo do meu quadril fica bem próximo ao que eu uso na bike de CRI. Isso considerando 3 tamanhos de pedivela diferentes (177,5 para Tri; 175 para Road e 170 para Pista).
3o – E não menos importante, Posicionamento do taquinho em relação à sapatilha: Esta é pra quem alterna com MTB uma vez que as sapatilhas, taquinhos e pedais são diferentes. Use sempre na mesma posição relativa para continuar trabalhando a mesma musculatura da panturrilha.
As características de cada uma:
Moutain Bike: Vamos começar pela mais popular... Quando a gente fala em fugir da rotina de treinos a primeira coisa que vêm a cabeça é sair pro meio do mato com uma MTB. Eu acho uma excelente idéia e, embora não seja muito “amigo” das off Road coisas muito boas podem ser aprendidas e absorvidas andando de MTB ou ciclocross (esta última, um pouco mais específica na minha opinião).
A relação entre moutain bike e ciclismo de estrada é bastante clara, todo grande MTB’er tem um grande ciclista adormecido dentro de si esperando pra dar uma paulada no pelotão. Porque? Técnica, força e capacidade de suportar mudança de ritmo o dia inteiro além de serem exímios “escaladores”. Andar de MTB requer uma força e técnica de pedalada sem igual, aplicação perfeita de tração e alternância de forças são questões de sobrevivência “literal” no MTB.
Mas a beleza da modalidade também é o lado ruim quando trazemos para o contra-relógio. É simplesmente impossível para um ciclista de MTB conseguir sustentar uma potência (até mesmo um torque) constante por longos períodos, a natureza do tipo de terreno limita esse fator, e mesmo quando se anda de MTB em terrenos lisos e planos, a inércia do equipamento acaba limitando uma transferência de ganho para o contra-relógio.
Road: Dã... esse é o mais óbvio, mas também não tem muita diferença da bike de CRI, né??? Não sei não...
Lógico que padrão de pedalada não se altera ao trocar uma pela outra, bem como não mudam muito os percursos – se bem que eu sempre aproveito quando saio de Road, para ir conhecer estradinhas novas, com subidas duras e técnicas.
Então quando trocar uma pela outra? Pra mim é a melhor opção para os treinos de base, girados e com baixa potência. Quando se sai em grupo e aproveita-se para colocar o papo em dia, porque eu simplesmente não consigo ser sociável nem deixar de fazer força na minha bike de CRI, e embora isso seja pessoal vamos convir que passeios com bike de triatlo, segurando no base bar é bem menos confortável que andar numa bike com 72o segurando num guidão ergonômico J
Pista: Lógico que a maioria dos triatletas e ciclistas nem sabe o que é andar numa bike de catraca fixa. É um território completamente inexplorado, e o mais próximo que se chega disso é numa bike de spinning o que ainda é outra galáxia. Embora seja possível usar em ruas e estradas, o ideal é que seja usada em um velódromo, o que limita muito mais o universo uma vez que no nosso país “continental” existem 4 velódromos “usáveis”, sendo que somente 2 deles abertos ao público (sorte a minha que um deles está a menos de 30min de carro daqui J).
Quais os benefícios? Na minha opinião, todos os do MTB, Road e CRI juntos.
Técnica – pedalar numa bike com uma única relação, que vc não pode parar de pedalar nem mudar de marcha, sem freio, onde todo o controle de aceleração e desaceleração são feitos nos pedais, pra mim é como aliar educativos, com técnica de “pilotagem” e ainda se movimentar, colocar ritmo, dar tiros, etc..
Aprendizado – andar em um velódromo, um espaço limitado, com mais ciclistas ensina muito sobre como se comportar em pelotão, andar me linha reta, fazer rodízio, dosar esforço e mais um milhão de características “essenciais” para qualquer ciclista
Logicamente, a gente também consegue esses benefícios com a bike específica de competição, mas pra mim bike de pista acaba funcionando mais como um “intensivo”, onde técnica correta, força constante e giro perfeito são trabalhados o tempo todo.
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Desejo à todos um excelente ano novo e que 2010 venha cheio de conquistas e aprendizados!
LODD