The good, the bad... the UGLY!


O Long Distance de Ubatuba era pra ser minha prova “alvo” neste primeiro semestre, mas graças à (des)organização do esporte no país do futebol, a prova deixou de acontecer.

Como este ano eu estou me recusando em participar do campeonato mais caro por quilometro rodado no triatlon nacional e que tem o maior desrespeito com os atletas que dele participam, resolvi correr o campeonato brasileiro de contra-relógio que, para a elite este ano à exemplo do ano passado aconteceu na bela cidade de São Carlos no último sábado, na distância de 32km.

The Good:

Cheguei sexta-feira em São Carlos, e aproveitei o jogo da seleção pra ir rodar no percurso. Embora a estrada fosse maravilhosa e com um asfalto perfeito, o percurso parecia mais duro que o antecipado e bastante técnico, sem contar o vento fortíssimo que soprava na hora que eu rodei por lá. Mesmo assim fiquei muito empolgado em fazer uma boa prova.

Depois de conhecer o percurso e analisar a concorrência cheguei a conclusão que um Top 20 seria um resultado muito bom... Lembro ainda de brincar com um amigo ao telefone naquela tarde dizendo: “Se eu ficar entre os 20 vou tomar todas pra comemorar, se ficar entre os 10 penduro o tênis de corrida J

Sábado chegou, o vento não deu trégua, e depois de 56 atletas completarem o percurso eu me classifiquei em 19o. Bati alguns atletas bem mais fortes e que jamais achei que fosse bater, mas também perdi para atletas que eu não esperava. Foi um resultado pra me deixar bastante feliz, a não ser...

The Bad:

O lado ruim de ter na bike uma parte de mim, é que quando ela me manda o recado não tenho como me esconder.

Ainda lembro dos momentos antes da largada, eu estava alinhando na rampa de largada, e um dos comissários da UCI que era Uruguaio estava com um olho em mim e outro na tela do computador assistindo ao jogo do time dele... maldito futebol!

Contagem regressiva e larguei... desci a rampa forte e pedalei em pé por uns 100m pra embalar.

& The Ugly:

Assim que sentei na bike e clipei, ela “olhou” pra mim e “disse”: Hoje não vai dar!

E aí começou uma batalha que durou quase a prova inteira... “Como assim hoje não vai dar?” continuei indignado “Cala a boca e anda, acelera”

“Faz força que eu acelero” retrucou a minha companheira de longas batalhas

“To fazendo, muita força!” Eu, agora indignado comigo mesmo

“Então faz bem feito, porque daqui não tá parecendo!”

Putz... e foi assim até os últimos 5km. Só então entramos num acordo e a coisa começou a fazer algum efeito positivo. Fechei os quase 33km de prova (no meu powertap) em 44’24” o que tava marcando 44kph de media pouco antes de cruzar a linha.

No dia anterior, após andar no percurso tinha certeza que chegaria na casa do 45kph e num dia MUITO bom perto dos 46. E que o vencedor, como no ano passado, faria algo perto dos 47kph. 44kph foi muito abaixo do esperado, e isso ficou claro em menos de um minuto após eu cruzar a linha quando o Breno Sidoti cravou tempo na casa dos 41 minutos!

A briga até o fim foi emocionante, com Padaria Real, Pinda e Scott derrubando os tempos um atrás do outro e com o Luizão da Scott São José detonando no final com 40min12seg e incríveis quase 48kph de media!


Aprendizado...

Foi a primeira vez que eu participei de um CRI sem ter uma equipe de apoio junto, talvez isso tenha feito alguma diferença mas talvez também tenha sido bom, pois do jeito que eu me encontrava a probabilidade de eu parar e jogar a bike no carro ia ser grande.

Competir com a elite nacional, o buraco é bem mais em baixo e bem mais fundo. Não dá pra aparecer lá e achar que dá pra tirar um coelho da cartola. Todo mundo tem coelho e tem cartola! Num percurso como aqueles, a força bruta não compensa a falta de técnica, todos eles tem muita técnica e força bruta de sobra. Pra se ter uma idéia, algumas curvas que eu achava que estava voando acima de 50kph, eles faziam acima dos 70kph!

E a última grande lição: treino é tudo! Desde que eu voltei de Dubai eu tenho dado um “jeito” nos treinos, primeiro correndo com uma preparação “nas coxas” pro paulista de pista, depois tentando tirar o atraso pra correr um 1/2IM, e por último “polindo” para esse brasileiro... agora, a ordem é voltar pra prancheta em branco, fazer alguns testes e tirar as próximas 6-8 semanas pra colocar o treino nos eixos e encaixar uma boa rotina pra poder ver alguma evolução de novo.

LODD

Efeito Passione?


Tinha tudo para ser mais um dia normal de treinos...

Acordei cedo. Tomei meu café da manhã. Me enchi de roupa (porque aqui na região ta fazendo um baita frio), e saí de casa em direção ao meu treino de subida favorito.

No caminho encontrei com minha parceira de programas de índio e partimos para mais uma sessão de pedal nas subidaiadas da região, até que psssss – pneu furado.

Até aí, nada de mais. Quantos ciclistas e triatletas não devem ter passado por esse mesmo roteiro na manhã dessa quinta-feira?

O inusitado começou a partir daí. Assim que furou o pneu, parou um carro da guarda municipal com uma senhorita muito educada e prestativa na direção:

- Tudo bem com você? Perguntou ela

- Tudo - respondi – foi só um pneu furado!

- Precisa de alguma coisa?

Putz... se eu não tivesse vestido que nem um palhaço eu já ia achar que a guardinha tava me cantando...

- Não... é rapidinho pra trocar – respondi

- Sua amiga está subindo aí – disse mais uma vez a prestativa guarda.

- Eu sei, a gente ta treinando junto. Obrigado.

Não demorou muito e chegou a Tá Saab, dizendo que a guarda tinha falado pra ela que eu estava parado logo a frente com problemas no pneu.

Na hora eu até parei de encher o pneu, dei uma chacoalhada na cabeça pra ver se eu realmente estava acordado... Estava me sentindo num outro país e não no bom e velho Brasil, onde um ciclista parado na estrada não passa de um “problema para o tráfego”.

A Tá continuou o treino enquanto eu finalizava a troca. Nesse meio tempo apareceu o Dani Chapô e parou pra ajudar e em menos de um minuto um carro da concessionária da estrada...

- Tudo bem?

- Tudo... foi só um pneu furado!

- Precisa de alguma coisa? Ferramenta?

- Se o senhor tivesse uma bomba de pé eu agradeceria (risos)

O cara não entendeu a brincadeira e ficou lá até eu garantir que estava tudo bem. Só faltou a hora que eu subi na bicicleta ele sair empurrando como assistência numa prova de ciclismo (na Europa).

Depois, conversando com a Tá sobre o episódio eu cheguei a conclusão que isso já é um reflexo positivo da novela das 8.

Independente dos absurdos da trama e até mesmo do galã ser um dopado, trapaceiro e sem vergonha, o ciclismo finalmente virou esporte no Brasil. E nada como um Cauã Raymond, namorado da Grazzi para fazer o pais do futebol começar a enxergar outras modalidades esportivas.

Só espero que o mal caráter latente no personagem, aliado à falta de escrúpulos não jogue isso por terra para que na próxima vez que meu pneu fure na estrada, a guardinha não passe gritando “bem feito seu drogado, sem vergonha”!

Por enquanto... obrigado Cauã. E muito obrigado também à gentil GM de Louveira e ao prestativo funcionário da Rota das Bandeiras.

Vamos aproveitar a maré boa pra treinarmos com segurança!

LODD

Retorno


Após um período sem postagens, devido parte à merecidas (mas não programadas férias J) e parte à falta de inspiração, o titulo desse post acaba sendo bem sugestivo.

Primeiro porque após um longo tempo, em 2011 estarei de volta às provas de Ironman. Prova essa que já foi minha grande fonte de motivação no esporte e que acabou perdendo um pouco de espaço. Diferentemente das provas curtas, principalmente as de ciclismo de pista que eu tenho sido motivado por resultados e conquistas, retorno à prova onde resultados não passam de “completar a prova” e conquistas não passam de “pessoais”. Excelente oportunidade para colocar a prova o ego e a humildade. Coisa difícil para muitos atletas, principalmente aqueles movidos por “performance”.

Segundo porque esse post pode acabar sendo um “loop” que remete ao primeiro deste blog, há mais ou menos um ano atrás quando, após minha participação no paulista de ciclismo de pista resolvi debutar no mundo dos “escritores (não tão) anônimos”.

Este último final de semana participei pela segunda vez do campeonato paulista de pista em Americana, que foi realizado juntamente com o brasileiro de juniores. Mesmo estando muito mais experiente e com muito mais bagagem, a emoção não ficou por menos.

Como é de conhecimento de quem acompanha esse blog, desde março deste ano eu faço parte da equipe Lidra Americana de ciclismo de pista, e defender as cores de uma cidade, dentro da cidade e ainda por cima brigando com outra equipe da mesma cidade foi uma experiência única.

Já que 99% das cidades do Brasil não apóiam nenhuma equipe de ciclismo, a cidade de Americana resolveu fazer a parte dela em dobro e mantém duas equipes de ciclismo, uma de estrada e outra de pista. Mas de repente essas duas modalidades resolveram “se bicar”... L

Eu fui pra lá fazer a única prova que eu sei fazer mais ou menos bem, a perseguição individual. Sexta-feira, dia 11 era minha vez. O nível da competição estava mais alto que o do brasileiro (o que não é de se assustar) com nomes como Francisco Chamorro da Scott, Bruno Tabanez e William Solera da UAC Americana, Patrick da Sundown São Caetano, além dos que já freqüentam de costume esse tipo de prova. E isso obviamente mexeu com os meus nervos... Competir, agora em casa desta vez causava uma pressão extra. Uma porque seria minha primeira competição como membro oficial da equipe válida para o ranking e segundo porque eu não estava nem perto do preparo que me encontrava no brasileiro. Mas como disse uma grande mente: “Tenho que travar essa batalha com o exército que de fato possuo!”

Tirando toda a falta de organização e o infinito desrespeito aos atletas, larguei. Com menos de dois quilômetros de prova sentia aquele gosto de sangue característico dos metros finais... paciência, eu sabia que o corpo não estava no auge por isso tinha que apelar pro sofrimento. Sofri, mas dei tudo... e cravei um excelente tempo 5’03” sendo que tinha baixado mais de 7 segundos do tempo do ano passado (o que nos 4km da perseguição é muita coisa) e num dia de muito vento.

Os outros foram e meu tempo parecia muito bom. Todos girando acima dos 5’10”, inclusive a moto argentina (Chamorro). No final deu o Piá com o 1o tempo (4’59”) o Patrick, campeão brasileiro de CRI sub 23 com o 2o tempo (5’02”) eu em 3o e o Bruno Tabanez da UAC Americana com o 4o tempo. Conclusão, no Sábado a disputa pelo bronze ia ser “domestica” entre eu e o Bruninho.

Sábado chegou, e assim que eu cheguei em Americana já senti o clima tenso. Pra galera da cidade, a disputa pelo bronze tinha mais valor que a do ouro. Se eu tivesse passado em 2o lugar não ia ter tanta torcida.

Eu sabia que podia ser melhor, já tinha sido 6 segundos mais rápido na tomada de tempo... mas do outro lado da pista estava Bruno Tabanez, líder do ranking brasileiro de estrada de 2009.

Minhas preocupações eram muitas. Pela primeira vez eu estava abalado e sem saber muito o que esperar. Ele provavelmente ia sair com tudo e usar toda a força de sprintista pra me pegar no começo da prova e acabar com ela antes dos 4km (vale lembrar que nas finas da perseguição, quando um ciclista é alcançado pelo outro a prova acaba, com o primeiro desclassificado por quem o alcançou). Após muita conversa com amigos e com os mais experientes da equipe consegui acalmar e focar de novo. O importante era seguir o plano!

Deu a largada, e como esperado ele saiu fuzilando... tirou mais de 3 segundos na primeira volta. Como o programado eu sai mais lento e fui crescendo a partir da segunda volta, equilibrando o jogo e assumindo controle a partir da terceira volta. Agora o que não era programado, muito menos esperado foi sair de uma curva com 2km e prova e ver ele na minha mira no fim da reta!!!! Ali a prova tava ganha, aliviei um pouco e pensei em administrar sem me desgastar (pois ainda tinha mais provas pra correr). Mas aquele “instinto assassino” falou mais alto... Apertei o ritmo e peguei ele na marca dos 3km, na frente da arquibancada, e a galera vibrou como se fosse gol do Brasil!

Tava forte e me sentindo MUITO bem, nos 3km eu estava com passagem pra fechar a prova abaixo dos 5min. Impressionante como as coisas mudaram de um dia pro outro. Acho que na próxima prova vou dar um tiro de 4km um dia antes pra “encaixar” as pernas J

No domingo fechei minha participação no campeonato correndo a prova de scratch, que é basicamente uma prova de circuito onde largam até 30 atletas e ganha quem cruzar a linha de chegada primeiro. A única diferença são as paredes, a relações fixas e a falta de freio... resumindo, é ASSUSTADOR. Mas fiz meu papel de “fundista”, fiquei buscando todos os ataques e assim o Leandro, meu companheiro de equipe conseguiu estar bem pro sprint final e chegou em segundo somente atrás do Chamorro.

No final a nossa equipe conquistou o titulo geral da competição e foi a equipe campeã paulista de 2010!

Parabéns aos grandes Estevam, Leandro, Reiner, André e Caio pela excelente performance!

Preparando para o Paulista de Pista

Sexta feira tem Perseguição Individual e Sábado por equipes.

Treinando largada do quarteto...


Discutindo estrategia...


Estevam puxando o Motopace...


@ 70kph :-(