Após um período sem postagens, devido parte à merecidas (mas não programadas férias J) e parte à falta de inspiração, o titulo desse post acaba sendo bem sugestivo.
Primeiro porque após um longo tempo, em 2011 estarei de volta às provas de Ironman. Prova essa que já foi minha grande fonte de motivação no esporte e que acabou perdendo um pouco de espaço. Diferentemente das provas curtas, principalmente as de ciclismo de pista que eu tenho sido motivado por resultados e conquistas, retorno à prova onde resultados não passam de “completar a prova” e conquistas não passam de “pessoais”. Excelente oportunidade para colocar a prova o ego e a humildade. Coisa difícil para muitos atletas, principalmente aqueles movidos por “performance”.
Segundo porque esse post pode acabar sendo um “loop” que remete ao primeiro deste blog, há mais ou menos um ano atrás quando, após minha participação no paulista de ciclismo de pista resolvi debutar no mundo dos “escritores (não tão) anônimos”.
Este último final de semana participei pela segunda vez do campeonato paulista de pista em Americana, que foi realizado juntamente com o brasileiro de juniores. Mesmo estando muito mais experiente e com muito mais bagagem, a emoção não ficou por menos.
Como é de conhecimento de quem acompanha esse blog, desde março deste ano eu faço parte da equipe Lidra Americana de ciclismo de pista, e defender as cores de uma cidade, dentro da cidade e ainda por cima brigando com outra equipe da mesma cidade foi uma experiência única.
Já que 99% das cidades do Brasil não apóiam nenhuma equipe de ciclismo, a cidade de Americana resolveu fazer a parte dela em dobro e mantém duas equipes de ciclismo, uma de estrada e outra de pista. Mas de repente essas duas modalidades resolveram “se bicar”... L
Eu fui pra lá fazer a única prova que eu sei fazer mais ou menos bem, a perseguição individual. Sexta-feira, dia 11 era minha vez. O nível da competição estava mais alto que o do brasileiro (o que não é de se assustar) com nomes como Francisco Chamorro da Scott, Bruno Tabanez e William Solera da UAC Americana, Patrick da Sundown São Caetano, além dos que já freqüentam de costume esse tipo de prova. E isso obviamente mexeu com os meus nervos... Competir, agora em casa desta vez causava uma pressão extra. Uma porque seria minha primeira competição como membro oficial da equipe válida para o ranking e segundo porque eu não estava nem perto do preparo que me encontrava no brasileiro. Mas como disse uma grande mente: “Tenho que travar essa batalha com o exército que de fato possuo!”
Tirando toda a falta de organização e o infinito desrespeito aos atletas, larguei. Com menos de dois quilômetros de prova sentia aquele gosto de sangue característico dos metros finais... paciência, eu sabia que o corpo não estava no auge por isso tinha que apelar pro sofrimento. Sofri, mas dei tudo... e cravei um excelente tempo 5’03” sendo que tinha baixado mais de 7 segundos do tempo do ano passado (o que nos 4km da perseguição é muita coisa) e num dia de muito vento.
Os outros foram e meu tempo parecia muito bom. Todos girando acima dos 5’10”, inclusive a moto argentina (Chamorro). No final deu o Piá com o 1o tempo (4’59”) o Patrick, campeão brasileiro de CRI sub 23 com o 2o tempo (5’02”) eu em 3o e o Bruno Tabanez da UAC Americana com o 4o tempo. Conclusão, no Sábado a disputa pelo bronze ia ser “domestica” entre eu e o Bruninho.
Sábado chegou, e assim que eu cheguei em Americana já senti o clima tenso. Pra galera da cidade, a disputa pelo bronze tinha mais valor que a do ouro. Se eu tivesse passado em 2o lugar não ia ter tanta torcida.
Eu sabia que podia ser melhor, já tinha sido 6 segundos mais rápido na tomada de tempo... mas do outro lado da pista estava Bruno Tabanez, líder do ranking brasileiro de estrada de 2009.
Minhas preocupações eram muitas. Pela primeira vez eu estava abalado e sem saber muito o que esperar. Ele provavelmente ia sair com tudo e usar toda a força de sprintista pra me pegar no começo da prova e acabar com ela antes dos 4km (vale lembrar que nas finas da perseguição, quando um ciclista é alcançado pelo outro a prova acaba, com o primeiro desclassificado por quem o alcançou). Após muita conversa com amigos e com os mais experientes da equipe consegui acalmar e focar de novo. O importante era seguir o plano!
Deu a largada, e como esperado ele saiu fuzilando... tirou mais de 3 segundos na primeira volta. Como o programado eu sai mais lento e fui crescendo a partir da segunda volta, equilibrando o jogo e assumindo controle a partir da terceira volta. Agora o que não era programado, muito menos esperado foi sair de uma curva com 2km e prova e ver ele na minha mira no fim da reta!!!! Ali a prova tava ganha, aliviei um pouco e pensei em administrar sem me desgastar (pois ainda tinha mais provas pra correr). Mas aquele “instinto assassino” falou mais alto... Apertei o ritmo e peguei ele na marca dos 3km, na frente da arquibancada, e a galera vibrou como se fosse gol do Brasil!
Tava forte e me sentindo MUITO bem, nos 3km eu estava com passagem pra fechar a prova abaixo dos 5min. Impressionante como as coisas mudaram de um dia pro outro. Acho que na próxima prova vou dar um tiro de 4km um dia antes pra “encaixar” as pernas J
No domingo fechei minha participação no campeonato correndo a prova de scratch, que é basicamente uma prova de circuito onde largam até 30 atletas e ganha quem cruzar a linha de chegada primeiro. A única diferença são as paredes, a relações fixas e a falta de freio... resumindo, é ASSUSTADOR. Mas fiz meu papel de “fundista”, fiquei buscando todos os ataques e assim o Leandro, meu companheiro de equipe conseguiu estar bem pro sprint final e chegou em segundo somente atrás do Chamorro.
No final a nossa equipe conquistou o titulo geral da competição e foi a equipe campeã paulista de 2010!
Parabéns aos grandes Estevam, Leandro, Reiner, André e Caio pela excelente performance!