Primeiro as prioridades...

Antes de começar, já que o papo vem sendo em torno das super bikes e brinquedos de desejo, essa bike foi eleita um dos 5 melhores produtos da interbike.

No começo do ano tive a oportunidade de ter contato com os quadros SUPLICY, através do Juraci. Durante o Internacional de Santos conheci o Cauê, um triatleta brasileiro que mora nos EUA e resolveu montar uma empresa de bikes. Em princípio achei que como muitos ele tinha ido a China e comprado um projeto já pronto, pintado com o seu nome e colcado a venda. Engano meu, já em fevereiro ele me disse que investia nos projetos próprios… Parece realmente que ele andou trabalhando MUITO. As bikes que eu ja vi aqui no Brasil com o Jura são de excelente qualidade, e esse novo modelo, o QUANTUM já chegou mostrando todas as credenciais.

Notícia extra-oficial: essas belezas devem estar sendo distribuídas no Brasil já em 2010!


Vou tentar não me alongar muito no assunto uma vez que muita coisa boa já foi publicada nos comentários das postagens passadas. Apenas gostaria de colocar meu ponto de vista, que muito provavelmente está longe de ser verdade.

Primeiramente, falando dos benefícios do carbono sobre qualquer outro material usado para a construção de quadros: Leveza, rigidez, conforto, torção, transferência de potência, tudo isso são características que pra mim não têm uma influência marcante em quadros de contra-relógio, alguns desses benefícios eu nem cheguei a sentir e outros mesmo que existam não sei se são necessários.

Leveza: pra mim quadro de CRI muito leve só é bom se for pra fazer um TT no Alp d’Huez, e mesmo assim o peso da peça em cima do selim vai ser MUITO mais importante, fora isso bikes de CRI muito leve na minha experiência são lentas, falta um “embalo”.

Rigidez, torção e transferência de potência: embora já tenha mudado para as bikes de carbono há algum tempo, a maior parte dos meus km’s foram em quadros de alumínio e titânio e nunca percebi nem consegui “medir” esse efeito de torção e transferência de potência, quanto à rigidez tive experiências opostas com todos os materiais – minha primeira bike séria foi uma trek oclv das antigas e tinha tudo, menos rigidez J

Conforto: é muito mais uma característica de um bom bike fit e da geometria / construção de um quadro (e recentemente descobri que dos pneus também) do que do material utilizado propriamente dito.

O grande diferencial da fibra de carbono é a versatilidade que ele possui para se moldar aos mais diferentes “shapes” com estética, resistência e durabilidade dignos dos mais altos standards impostos pela fórmula 1.

E essa facilidade em se dar forma aos mais diferentes projetos acabou servindo aos dois lados da moeda, uns usaram muito bem enquanto outros inventaram “soluções” para problemas inexistentes e acabaram contribuindo negativamente para a evolução dos quadros.

Quem “merece”?

Mais uma vez, minha opinião: qualquer atleta que tenha pernas, desejo de melhorar, paixão pelo esporte e que, obviamente, não vá criar problemas com a família e nem com o gerente do banco para fazer tal investimento.

Desde que seja adquirida uma bike que atenda as necessidades do atleta e não uma a qual o atleta tenha que se adaptar, todos se beneficiam de um investimento neste sentido. Desde os mais lentos até os mais rápidos.

Mas... “comprometimento” é a palavra chave – um atleta comprometido com o processo vai melhorar, e se uma bike nova ajuda a manter o “olho no prêmio” que assim seja.

Logicamente que em ordem de prioridades, a troca de bike pode estar lá no final da lista, existem muitas outras coisas (mais baratas inclusive) que vão trazer melhoras independente da bike que você estiver usando:

  • Um bom técnico
  • Local e grupo adequado para treinos
  • TEMPO para poder evoluir
  • Boa manutenção do seu equipamento
  • Bike Fit
  • Aprendizado (sobre técnica e funcionamento),
  • E por fim, aquilo que eu acredite ser essencial para qualquer ciclista ou triatleta sério em melhorar o desempenho, um medidor de potência (mas esse é papo para um outro dia J).

Parafraseando um comentário excelente feito pelo Max da Kona Bikes nas postagens anteriores: Se o mundo fosse mais que perfeito, todo atleta treinaria como um profissional, seria ético como um monge, e faria jus, também do ponto de vista de desempenho, ao seu equipamento de última geração

Infelizmente o mundo não é nem perto do perfeito... dêem uma olhada nesse vídeo feito no Ironman da Flórida semana passada. Pra que bike top de linha?

Pra terminar, gostaria de parabenizar a Jú publicamente pelo MONSTRUOSO desempenho no Granfondo de ciclismo em Ubatuba este final de semana, 4a colocada no geral e campeã da categoria! Aproveitar também para desejar uma excelente prova no mundial de 70.3 para a elite feminina RM (Van Giannini e Ana Lídia Borba) neste próximo final de semana!

Obrigado a todos pelos muitos comentários, e-mails e trocas de idéia. Volto depois do brasileiro de pista (se a CBC permitir) e Pirassununga.

Abs,



5 comentários:

Alexandre Gantus disse...

Esse vídeo é revoltante, mas parece ser a tendência mesmo...infelizmente!
Ale Gantus

Max disse...

SUPLICY: eu visitei o espaço do Caue no Interbike, e testemunhei o "fervo" que a bike causou. Ele merece crédito por ter entrado com a cara e coragem (peculiar aos brazucas) em um mercado de Titãs, e de ter conquistado o interesse e o respeito desses Titãs. A bike é bem construída, montada com peças muito boas, e tem tudo para emplacar. O processo de distribuição realmente está em andamento, e nas mãos de gente que entende de bikes em primeira mão.

PESO X AERODINÂMICA
Me fascina a magia que "Peso" exerce no consumidor. 70% dos atletas que entram na loja querem saber "quanto pesa essa bike", com a preocupação de quem vai subir o Ventoux. Só que quase sempre a bike considerada não é uma road para escalada, mas uma TT....

Cumpre então, a fim de aliviar o peso que o peso das bikes exerce na vida do triatleta, um esclarecimento: bikes TT/Tri não tem como premissa principal a leveza, mas a rapidez em percursos majoritariamente planos (ou com menos de 6% de inclinação). Isso quer dizer que embora mais pesadas, continuam sendo mais rápidas que suas primas road mais leves, e portanto cumprem seu objetivo #1, que é ir de A para B no menor tempo possível. E por que são mais pesadas? Porque para conseguir aquele formato aero tão bonitinho e tão eficiente em cortar o vento, (tornando-as assim mais rápidas!), é preciso agregar material ao quadro. E mais material = mais peso. Bem simplificadamente, é isso. Apenas em caráter ilustrativo, a bike original de fábrica mais leve da Cervélo (R3SL) tem 6.7 kg montada com DA e rodas Easton Circuit (sem pedais). Uma P3C 56 com praticamente as mesmas peças fica beirando os 8kg (com pedais...sem eu nunca pesei rsrs). Esse 1kg e pouco de diferença não torna a R3SL mais rápida que a P3C (imaginando-se o mesmo ciclista percorrendo o mesmo percurso plano). Temos assim, extrapolado esse exemplo para o mercado em geral, a comprovação do que foi dito anteriormente: para percursos planos ou levemente ondulados, o acréscimo de peso da bike TT é compensado de sobra por suas características aerodinâmicas - que são a origem do peso extra.

Carbono x Titânio x Alumínio x Ferro x Aço ......

Eu tenho uma teoria - infelizmente muito difícil de ser posta em prática, mas mesmo assim válida para ilustrar o ponto em questão. Pegue um atleta seu amigo (ou melhor, desafeto), bom ciclista, e a bike preferida dele. Tire as medidas do fit dessa bike, pegue outras 5 bikes à sua escolha feitas respectivamente em carbono, alumínio, ferro, titânio e aço. Replique nessas bikes o fit da bike do seu amigo, monte-as com as mesmas peças, calibre com a mesma pressão os mesmos pneus, e leve ele para uma estrada bem brasileira - asfalto mediano, e terreno levemente ondulado. Coloque nele uma venda (ou de alguma maneira impeça que ele VEJA a bike), e faça-o pedalar com cada uma delas - inclusive a original dele. Ele deve arrancar, pedalar de pé, sprintar, manter o passo,...enfim, testar a bike como um todo (para efeitos desse protocolo, os tombos são desprezíveis).

Ao final do experimento, eu pergunto....será que o atleta:

1) seria capaz de dizer qual bike era a dele? (embora provavelmente conseguisse apontar uma ou duas que NÃO eram a dele);
2) seria capaz de dizer qual era ao menos a bike de carbono?
3) seria capaz de apontar a Mais Rígida e a Mais Confortável?
4) seria capaz de determinar qual a mais rápida? (se é que haveria uma...)

Tenho as minhas respostas. Mas prefiro ouvir outras antes de revelá-las.

ab. e desculpas por outro post muito longo...

Max

ciro violin disse...

Bom MAX...
Duvido que alguém faça esse experimento, por ser extremamente difícil arrumar essas bikes e esses equipamentos, e alguém com desejo de realiza-lo

Claro também que sei, que foi um exemplo de experimento este que vc deu.
Mas... é possível de se fazer.

Acho que quem poderia realmente fazer o experimento seria uma bike shop, por ter mecânicos, grupos e quadros, mas acho também que as bike shops seriam as últimas a demonstrar interesse por um experimento que levaria talvez a declinar as vendas.

Minha opinião é que entre as bikes de titânio, alumínio e carbono, o ciclista NÃO saberia dizer qual é qual.
Apenas a de ferro seria mais fácil, pois acho que o peso vai mudar muito.

Certo dia alguém me disse que se der uma bike de carbono e uma de alumínio para atletas que são equivalentes num percurso de 200km mais ou menos como o da Bandeirantes-Anhanguera (SãoPaulo até Pirassununga) o ciclista com a bike de carbono chegara na frente do cara com a bike de alumínio 12km.

Eu falei:
``Quem disse isso tá completamente loko´´

O que vc me diz?

Max disse...

Ciro,

Rs....essa conta tá muito estranha...de onde ele tirou esses 12 km? Usando números (por favor corrijam se isso estiver errado...números não são o meu forte), um deles vai a 40 por hora, e o outro a 37.6. Acho essa diferença ilustrativa para road x tri, mas para diferenças de material.... Se as bikes forem de geometrias idênticas, e o fit for o mesmo, não vejo por onde, e vou tentar ilustrar com um exemplo real.

Se pegarmos as Felt TT/Tri, todas possuem geometria idêntica. Isso significa que se um atleta mediano fizesse um IM com uma S-32 (alumínio) de R$ 3000 ou com uma DA (carbono) de R$ 25.000, a POSIÇÃO dele nas duas bikes seria idêntica, e ele assim resolveria 75% da questão da resistência ao seu deslocamento com o mesmo resultado. Em outras palavras, a velocidade média dele com uma ou outra seria praticamente a mesma, pra não dizer igual.

Acho que certos mitos são propagados menos por má fé do que por ignorância mesmo. E tenho certeza que blogs como esse e o seu vão contribuindo pra acabar com a (des)informação.

ab.

cfportugal disse...

Alexandre, Acho que Clearwater é meio que exceção, Luiz eng já me mostrou alguns foruns dizendo o contrário, que tá virando regra. Pra longas distancias torço para não virar moda, senão vira prova de corrida e olha que meu "forte" é justamente corrida. Aquela coisa de terminar por mérito, pelo jeito tá acabando. Agora em distância olimpica, tenho uma opinião dividida, se olimpiada e ITU pode, deve ser liberado aqui também, porém não deveria ser liberado pelos motivos acima, vira prova de corrida, eu vou pela onda se tiver pelote eu pego e não nego, não sou hipocrita de dizer que não pego, mas atualmente sou contra, acho que deveria ter fiscalização preferencialmente bem treinada, coisa que tb não tem.

Braça.
Chris Portugal