Sun Tzu


De acordo com Sun Tzu, sempre que você encurralar o inimigo certifique-se de deixar uma rota de fuga, caso contrário ele lutará até a morte...

No último final de semana estive competindo com a equipe de pista na Copa Mauro Ribeiro de Pista em Curitiba. Foi um final de semana “dourado” assim por dizer já que em três provas disputadas ganhei três ouros.

O velódromo de Curitiba fica num lugar maravilhoso, no jardim botânico. Um velódromo peculiar, com 333m de extensão mas com inclinação de 250m., e digamos que esteja precisando de uma manutenção urgente.

Foi o maior frio que eu já passei na vida. Curitiba é conhecida pelas baixas temperaturas, mas durante o decorrer e final da semana passada, até os curitibanos mais calejados estavam reclamando do frio – o que é um péssimo sinal.

As provas começaram na sexta-feira com a tomada de tempo da perseguição individual. Os 4km da prova foram de longe os piores da minha vida. Mesmo tendo aquecido muito, as pernas não respondiam, a garganta queimava e eu não sentia os dedos (nenhum dos 20). Bom, pelo menos esse martírio deve ter sido o mesmo para todos os competidores, e eu classifiquei pra final com o melhor tempo do dia (mesmo que há anos luz do meu melhor tempo).

Sábado foi “o” dia. Parecia estar mais frio que o dia anterior, mas com céu azul as coisas eram amenizadas. Começou cedo com as finais da perseguição, bati meu adversário, o latino com o mesmo tempo do dia anterior mesmo tendo tirado o pé na segunda metade da prova. Parti bem mais controlado, passei o 1o km atrás, mas já na 6a volta estava com ele na minha alça de mira. Desta vez o instinto “assassino” ficou debaixo das cobertas, e eu mantive a distancia para faturar o 1o lugar e tentar guardar pernas porque o dia prometia ser longo.

Depois do almoço veio a final da perseguição por equipes. Fomos a última equipe a largar e modificamos a estratégia um pouco antes da largada, já que o melhor tempo até então tinha sido mais lento que o meu individual. Decidimos dosar melhor para ganhar um pouco mais de “ritmo” entre os integrantes. Abri puxando 2 voltas e fazia isso a cada vez que tomava a frente. No final por um erro do juiz acabei fechando com 3 voltas, uma vez que ele mostrou as placas de contagem de volta erradas. Excelente tempo e extra-oficialmente batemos o recorde da prova para aquele velódromo.

Aí entrou a grande lição do dia... A prova de Scratch.

A prova de Scratch nada mais é que uma prova de pelotão no velódromo, que ganha aquele que cruzar a linha de sprint na frente depois de 60 voltas.

Eu ainda uso para as provas de pista uma bike Litespeed de triathlon adaptada. É uma bike que tem o movimento central mais baixo que as bikes de pista e durante todo o final de semana, em todos os testes que eu fiz cada vez que eu subia nas paredes o pedal raspava no chão.

Acontecer isso em baixa velocidade é uma coisa e já é perigoso, agora numa prova de scratch as vezes a gente sobe nas paredes em velocidades muito altas e sem muito espaço pra manobra – Com bikes sem freio e com catraca fixa, em pelotão é receita pra caca feia.

Não estava nem um pouco seguro de largar a prova, mas para a equipe ia ser importante pontuar alem de estar lá fazendo aquilo que eu sei fazer melhor – colocar a cara no vento e não deixar as fugas acontecerem.

Larguei mesmo assim...

Depois de 3km me sentindo acoado apareceu uma “clareira” na minha frente. Como eu não sou de parar prova resolvi ir pra frente e socar a bota, me mantendo assim na parte baixa do velódromo e “controlando” meu mundo. O pelotão deu aquela diminuída brusca e todo mundo subiu. Olhei pra frente, vi caminho livre com as pernas e o coração respondendo bem e não tive duvidas, passei voando. Peguei dois atletas que estavam escapados uns 50m a frente e diminuí...

Na minha cabeça eu tinha trazido o pelotão inteiro comigo e só ia dar uma respirada pra pegar a ponta de novo e ficar lá até o sprint final, onde todos me passariam e eu cruzaria a chegada com aquela cara de besta de quem se acabou de fazer força e não viu nem a cor do pódio. Mas dessa vez parece que eu peguei o pelotão desprevenido e estava só eu com outros dois atletas na fuga. Na hora entrei no revezamento pra tentar aumentar a vantagem, uns 2km depois os outros dois pareciam não agüentar o ritmo.

Lembra do Sun Tzu? Pois é... voltar praquele pelotão eu não queria, então maquinei um CRI até ver a placa de 12voltas para o fim, dali era só mais uma perseguição (a 3a do dia) e eu apertei como se realmente fosse. Com pouco mais de 1km para o final eu peguei o pelotão por trás. Agora era só cruzar as últimas 3 voltas no bolo e assistir a disputa por prata, uma vez que eu tava uma volta na frente de todo mundo. Ainda pude ver o Leandro meu companheiro de equipe sprintar o atual campeão brasileiro da prova pra fazer a dobradinha 1o e 2o.

Uma surpresa daquelas.... Dia maravilhoso (embora frio) como qualquer um em cima da bike J

Domingo ainda tinha prova de Pontos e Madison pra correr, mas era dia dos pais e eu tinha que voltar antes pra passar com os meus filhos e meu pai.

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Depois do fiasco no brasileiro de CRI, algumas mudanças foram feitas nos treinos. Principalmente no que diz respeito à intensidades corretas e trabalho de cadência... Semana passada parece que os resultados começaram a aparecer, não só na prova mas também em testes de limiares.

Um comentário:

adriano disse...

Politica, Sun Tzu... qual o proximo passo, comentarista do Jornal nacional?