1,2,3... Testando!

Foto do pelote feminino no treino de sábado... não me lembro exatamente das palavras do Sebá, mas ele descreveu muito bem a sensação que é sair pra pedalar com essas meninas com algo do tipo "não é que a gente sai pra treinar com elas e passeia. Elas andam com a gente e se dermos bobeira a gente sobra e elas continuam"


Como parte da preparação para o Paulista de CRI em duas semanas, aproveitei o treino de sábado para fazer um teste e assim poder corrigir minhas intensidades nos próximos treinos e também ter uma base para dosar as forças no dia da prova. Inicialmente ia fazer um CR de 40km após um longo aquecimento, mas devido às condições favoráveis e veloz do circuito escolhido acabei estendendo para 50km. O resultado foi satisfatório e até mesmo um pouco acima do que eu esperava nesta fase que estou atravessando.

De todos os marcadores de performance, o mais importante para um contra-relogista é a potência no limiar de lactato. Infelizmente (ou felizmente) a determinação precisa deste número só pode ser feita com testes invasivos e muito caros para um atleta comum ter a disposição. Quem leu o livro “A Guerra de Lance Armstrong” deve se lembrar do teste que o dr. Michelle Ferrari conduzia com os ciclistas de esforço progressivo em uma subida constante, onde ele tirava amostra de sangue dos ciclistas no topo de cada subida e os fazia repetir a exaustão para conseguir determinar o limiar de potência no lactato de cada um. Para isso, várias subidas eram realizadas e cada uma com um mesmo incremento de potência... Complicado demais para um simples “mortal”.

Uma maneira mais simples (mas não menos dolorida J) de relacionarmos nosso limiar de lactato é através do “limiar funcional”ou funtional threshold (FT) como determinado pelo Dr. Andy Coggan no livro “Training and Racing with a Powermeter”.

De acordo com Coggan, o FT de um ciclista é “o maior esforço constante que o atleta é capaz de produzir durante um período de aproximadamente uma hora”, algo como um CRI de 40km, ou uma escalada de aproximadamente 20km. Esforços estes onde o ciclista despejaria a maior potência quase constante possível, e nada mais restaria no tanque.

Vamos concordar que fazer um “tiro” de uma hora no limite não é uma das coisas mais prazerosas do mundo, e que além de envolver uma logística como local adequado, clima, condições de tráfego de outros veículos e etc.. ainda teríamos que lidar com o custo “psicológico” de se torturar por tanto tempo pelo simples fato de nos testarmos...

Com isso em mente técnicos e cientistas do esporte desenvolveram outros métodos de estimarmos esse limiar, alguns exemplos são tiro de 20min bem dosado executado após um de 5min, a media de 2 tiros consecutivos de 20min, e por aí vai.

Testar é treinar e treinar é testar...

Quando um atleta encara um teste como somente um teste, as vezes fica aquela sensação de “só isso?!?!”. Mas um teste como esses deve ser encarado como um treino duríssimo – Minhas pernas ainda estão sentindo os 50km de sábado L

Ao mesmo tempo, todo atleta deve encarar os dados coletados de treinos como “testes”- não que cada treino deva ser um competição consigo mesmo, que tenhamos que atingir novas marcas de potência a cada tiro, a cada intervalo. Mas que a cada treino seja feita uma referência, uma análise da potência alcançada e mantida para que nos mantenhamos no caminho correto. Como exemplo, tiros feitos para aumentar o limiar devem ser mantidos numa faixa de 94-104% do FT do atleta, mas se o atleta percebe que essas intensidades estão se tornando cada vez mais fáceis e se ele constantemente se pega acima desses valores nos tiros, é porque talvez seu FT tenha aumentado e talvez esse seja o sinal que é hora de testar novamente!

E para o triathlon?

É a mesma coisa, o FT continua sendo o melhor marcador de performance, a única diferença é que enquanto num CRI a gente usa o limiar como base sólida (sempre com esforços nele ou pouco acima) no tritahlon “operamos” com frações deste marcador. Lógico que números variam de atleta para atleta, e dependem em grande parte do quanto tempo este atleta vai levar a mais (ou a menos) para terminar a prova, mas como uma base segue uma tabela feita com analise de vários atletas com habilidades diferentes:

Short – 97%-102% do FT

Olímpico – 89% - 92% do FT

½ IM – 80-85% do FT

IM – 72-78% do FT

Lógico que atletas profissionais de ponta podem (e devem) competir em níveis muito acima dos citados.

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