Internacional de Santos


Antes de mais nada, olha quem vai estrear no percurso esse ano...


Uma parceria com o grande "artista" Ed da EdGrafix e a CTBike... Eu gostei bastante mesmo sem ter pego na mão ainda - Agora com um capacete desses é melhor voar ;-)

Ano passado na última etapa do Troféu Brasil, troquei e-mails com um companheiro de equipe e grande amigo que queria pedalar abaixo de 1h. Potencial pra isso ele tinha de sobra por isso mandei algumas dicas que eu achava que poderiam ser úteis para tal feito (veja bem, ele é um cara que chegava sempre perto na casa dos 62-63min para o percurso).

Como o Internacional de Santos ta batendo na porta e muitas das dicas se aplicam para aquele percurso da mesma maneira, seguem alguns trechos e alguns comentários relevantes para o percurso em si:

Bom,

Já que vc vai embora da categoria mesmo, vou ser bondoso e ajudar no seu "quest" pra pedalar abaixo de 1h em Santos - Lógico que isso não é pra qq um, mas como eu acredito que você é mais do que capaz de realizar aqui vão uns toques que as vezes vc pode estar comendo bola e que no final das contas acabam surtindo um ganho razoável

1o e mais importante, o percurso lá não tem 40k portanto não é um bicho de 7 cabeças, eu acredito que fazer 40kph de média dá e sobra pra sair pra correr com menos de 1h de pedal + transições

O percurso do Internacional também não tem os 40km cheios, talvez um pouco mais do que o Troféu Brasil, mas é um percurso bem mais rápido portanto mais fácil de baixar de 1h na minha opinião.

2o e mais importante ainda: o negócio começa pra valer na portuária. Até vc chegar lá a idéia não é fazer força mas sim economizar e preparar pra "guerra". Eu poderia entrar num monte de teorias fisiológicas do porque eu acho que isso acontece, mas não tô com paciência... essa você vai ter que confiar em mim - além do mais, você já me viu fazer isso váaaarias vezes e sabe que funciona. Sai na boa da T1, não precisa sprintar nem sair que nem um animal, todo mundo que te passar até a portuária vai voltar antes da 1a volta. Pode acreditar.

Desculpem pelo palavreado, mas era um papo entre “brothers” J.

Entrando um pouco nos porques, a idéia de se começar uma esforço de CR na boa é porque primeiramente a gente nunca esta “na boa” os efeitos do descanso pré prova e a adrenalina da competição acabam com o seu poder de julgar o que é fácil e o que é difícil a esta altura da prova, fazendo você queimar cartuchos importatíssimos sem perceber. Além do mais, por mais longa que seja a transição em Santos o sangue leva um tempo pra estar fluindo nas pernas e irrigando a musculatura adequadamente após a natação, e sair “queimando” da T1 pode provocar aquela sensação de perna pesada o pedal todo sem produzir potência eficiente.

Quanto ao trecho de “pegar leve” no Internacional , fica com os primeiros 3-4km, na parte mista do percurso antes de entrar no acesso a Anchieta. Acreditem, a Anchieta proporciona MUITO chão para tirarmos qualquer atraso dos primeiros kilometros!

Uma vez na portuária é baixar a cabeça e fazer força, força bruta é o melhor. Pode socar uma 53x14-12 e girar pesado. Isso normalmente permite que você fique com a FC mais baixa e não se mexa tanto em cima da bike. Clipa e só sai do clip pra fazer as curvas. Lembra sempre de relaxar os braços e ombros, isso ajuda no balanço da bike, tira a tensão e comanda toda tua força pras pernas (que é onde vc precisa delas).

Isso não é corrida onde os braços ajudam no impulso, quanto mais estático os braços estiverem, melhor!

No Internacional, onde se lê “portuária” entenda-se “Anchieta”. O sentimento tem que ser de força, mas nada descontrolado. Ano passado, acompanhando a prova eu vi alguns atletas girando acima de 120RPM, quicando no selim e desperdiçando uma montanha de energia, sem contar a freqüência cardíaca que fica altíssima nesses casos – Vale lembrar que o Internacional é sempre uma prova MUITO quente e úmida, onde hidratação é a chave pra não “derreter” na corrida. Uma contração muscular mais forte e prolongada ajuda a manter a percepção de esforço mais baixa e com isso mais facilidade de ingerir líquidos.

Como a Anchieta é uma reta, pra não ficar perdendo tempo e nem causando arrasto aerodinâmico desnecessário, se você (como eu) não gosta dos aerodrinks, a hora que entrar na rodovia pega uma caramanhola e segura ela entre o clip – Não vai ter necessidade de sair do clip nem de ficar passando muita marcha, por isso é só apoiar a caramanhola nos aerobars e lembrar de beber. "Mata" uma antes do retorno e joga fora, já que eles te dão outra neste ponto, e volta da mesma maneira.

Se estiver ventando, usa só uma marcha a menos contra o vento, nem que você tenha que girar mais pesado - contra o vento essa é sempre a melhor estratégia.

O mesmo se aplica para o Internacional, com a diferença de que na volta se estiver ventando contra vale “serrar” no muro de proteção pra se esconder do vento. Só cuidado com sujeira nessa parte da pista pra não furar um pneu e acabar com a brincadeira.

Cotovelos: Essa é a parte onde eu vejo o pessoal mais perder tempo - Ao chegar perto, vai aliviando marcha, tem que estar leve o suficiente ao ponto de que, no momento antes de vc deitar a bike pra fazer a curva uma última girada de pedal tem que ser "quase no vácuo", sem pressão. Aí, a hora que você sair da curva é passar marcha acelerando até entrar na velocidade de cruzeiro de novo.

Sem sacanagem, eu faço as duas fechadas da portuária no volantinho, e a única vez que eu baixei de 54min eu fiz a do retorno da 1a volta também, mas esse último o ego sempre joga contra e eu acabo sendo "bruto" :-)

Não tem tanta importância para o Internacional, mas vale ficar ligado no retorno, qualquer desperdício de energia é…. Bom, um desperdício de energia J

Fora isso é concentrar o tempo todo em fazer força e se mover só para a frente. Presta atenção se vc sentir que começa a se bater pros lados ou pra cima e pra baixo, relaxa foca e volta pro plano.

Normalmente nas partes rápidas (portuária indo e av do canal sentido portuária na 2a volta) vc vai querer ver velocidades na casa dos 45kph, mas não se prende muito nisso porque isso pode variar muito com as condições de clima. O que realmente vai interessar é foco, concentração e força!

O mesmo vale para a parte rápida na Anchieta, sempre que as velocidades de “cruzeiro” estiverem acima dos 43-44kph você ta no jogo!

E, se as condições de vento não estiverem radicais o retorno na casa dos 29min (se você pegou leve no começo) deixam uma margem de uns 3min para as transições.

* As dicas acima se aplicam praqueles que estão na casa dos 62-63min há algum tempo e acreditam que podem baixar... àqueles que estão muito fora dessa faixa, é complicado usar essa estratégia principalmente pelo fator do desgaste pelo tempo extra no percurso, e aí vai depender de um monte de outras variáveis para uma estratégia eficiente.

Boa prova à todos!

LODD

Em Tempo: O amigo da troca de e-mails fechou a bike+transição em 59'55"

Tumtum paticumbum prucurnundum...


"- Você não pula carnaval?

- Não!

- Não viu desfile das escolas de samba?

- Não!

Que cara chato..."

Bom, provavelmente alguém mais por aí andou ouvindo esse tipo de pergunta, e esses dias eu li no Facebook do Beto Nitini o seguinte: Por quê as pessoas tentam me convencer a gostar de Carnaval??? Eu tento convencer alguém a acordar às 5:00 da manhã para pedalar ou correr comigo????”

Pra ser sincero, eu adoro carnaval... o feriado! Em que outra época do ano nós mortais podemos passar 5 dias treinando muito, comendo, dormindo e ainda sendo capazes de estar com a família? visitar amigos????

Foram 5 dias de treinos muito duros, uma grande adaptação e um enorme aprendizado.

A adaptação à carga de treinos foi tanta, que hoje em plena quarta-feira de cinzas, após um treino muito bom de pista eu ainda me encontro naquele estado de “quero mais”. Mas como pode ser isso? Afinal de contas, desde a sexta-feira de carnaval o acúmulo têm sido grande: treinos duros, treinos longos, treinos fortes, teve de tudo um pouco nos 3 esportes.

Bom, o grande Andy Coggan uma vez escreveu que “the more you train, the more you can train” algo como “quanto mais você treina, mais você consegue treinar”. Isso é uma verdade, principalmente quando os treinos estão bem estruturados, fazendo o corpo desmontar e depois se regenerar novamente, ressurgindo assim mais forte para o dia seguinte. E graças a Rô e aos meus inestimáveis companheiros de treinos foi isso o que aconteceu. Tanto que no decorrer da “carnavalha” os resultados já iam aparecendo: Domingo, durante um treino longo de pedal consegui minha melhor potência de 20min da temporada; Segunda, inexplicavelmente no final do dia acabei nadando os dois melhores 1500m da minha vida; Terça, naquele que foi o treino mais duro de todos eu consegui mais duas marcas muito boas no velódromo, os melhores do ano nos tiros de 5min (registrando uma adaptação de potência de VO2) e 1min (mostrando mesmo cansado um aumento incrível de potência anaeróbia); e hoje, depois de tudo isso fiz meu melhor km de corrida em muitos meses!

Honestamente falando, antes do carnaval tudo o que eu queria era chegar na quarta-feira de cinzas tendo treinado muito. Cansado! Mas fui muito além. E nisso entra um processo de aprendizado incrível que começou com algumas trocas de idéias e observando dois campeões brasileiros do esporte treinando (e aqui a palavra “treino” ganhou um novo significado), e culminou com uma “aula” de técnico para atleta na beira da piscina.

Os 10 capítulos:

Na segunda-feira a noite, antes da série principal de natação começar a Rô (que anda inspiradíssima ultimamente) tentou colocar pra nós de uma maneira simples o quanto “cabeçudos” nós somos quando, por qualquer motivo não seguimos as diretrizes do treino...

Com toda aquela facilidade que ela tem para lidar com pessoas (principalmente atletas) ela chegou e disse mais ou menos o seguinte:

“Imaginem que vocês têm um livro de 10 capítulos pra estudar para uma prova. Vocês podem ler meia dúzia de capítulos, ir para a prova, e com alguma sorte passar com uma nota na media. Ou vocês podem estudar muito bem os 10 capítulos, e ir para prova com a melhor preparação possível. E com os treinos é assim também, você tem que passar por todas as fazes e intensidades, pra poder chegar na hora e saber que está pronto pro que der e vier”. Bom, o resultado disso “apareceu” como que do nada nos treinos de terça e quarta e, espero lembrar disso todos os dias antes de sair para um treino!

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Além de tudo isso ainda teve as olimpíadas de inverno no Canadá que com certeza fizeram com que eu não ouvisse um ziriguidum se quer do carnaval. E por falar em jogos de inverno, que esporte é aquele Biatlo? Que coisa impressionante! Me deixou imaginando o que seria de um esporte que unisse bike e uma espingarda...

J

5 anos em 5 horas

Ontem foi um dia “daqueles”. Que a gente não sabe se fica muito feliz por ter finalmente encontrado algo que procuramos por muito tempo ou se fica “P” da vida por ter gasto tanto tempo e energia batalhando atrás e depois de percorrer mais da metade do caminho as respostas aos pedidos aparecem assim, como que do nada!!!

Dia 11 de fevereiro na Vélotech em Campinas, foi apresentado o “Centro de Desenvolvimento de Performance – Vélotech”, e eu tive o prazer de poder estar presente. Uma parceria entre o Pipo (Vélotech) e o Prof. Dr. José Luiz Dantas.

Um resumo do curriculum do Zé Luiz aqui provavelmente ia fazer meu Blog ser tirado do ar por excesso de informação, mas vamos colocar mais ou menos assim: O Zé Luiz é um cara que qualquer meia hora de papo sobre treinamento e ciclismo pode levar facilmente umas 4-5 horas. Ele é um daqueles “poucos” que alia a teoria acadêmica com a paixão e a prática pelo ciclismo; segundo suas próprias palavras, o objetivo dele na vida é diminuir o “abismo” que existe entre o mundo teórico (acadêmico) e o prático. E, ao julgar pelo que eu vi ontem, ele construiu uma ponte com 4 pistas, asfaltadas e iluminadas nesse “abismo”.

Fazia muito tempo que eu não me impressionava tanto com alguma coisa relacionada ao esporte!

Esqueçam avaliação de capacidade física, avaliação de técnica ou biomecânica. O que eles estão oferecendo para o atleta é, resumindo... Um Centro de Desenvolvimento de Performance (óbvio, né?). Um lugar onde testes são realizados e avaliações de capacidade informados, mas isso não é nem o começo.

A partir de uma série de “eventos” (por falta de palavra melhor para descrever) eles se propõem – e pelo que eu assisti, conseguem com louvor – à fornecer ao atleta sério e ao seu técnico toda as ferramentas necessárias para direcionar o treinamento e evoluir com uma margem de erro muito pequena.

O que eles oferecem:

Teste de incremento de potência - para identificação de limiares e zonas de treinamento em potência, freqüência cardíaca ou até mesmo percepção de esforço – palavras do Zé Luiz durante a apresentação “pensem em mim como um general indo pra guerra, se vocês me derem um míssil teleguiado eu faço minha parte, mas se me derem um revólver 38 eu vou pra cima do inimigo do mesmo jeito”, portanto eis um cara que vai trabalhar com aquilo que você possui e não com aquilo que ele desejaria que você possuísse!

Teste de Time Trial (Contra Relógio) – para determinar potência e freqüência cardíaca de limiar de lactado, além de medir ganhos durante as fases de treinamento.

Análise de mecânica de pedalada – distribuição de força no ciclo de pedalada que é feito em uma sessão a parte mas também é cruzada com a analise do teste de Time Trial. Essa foi uma das partes que mais me saltaram aos olhos durante a apresentação. Primeiro ele mostrou números de quanto se ganha somente por melhorar a técnica, mas ele colocou informações sobre como a fadiga muscular influencia na performance e quais os músculos que limitavam essa performance – aqui, muito do que eu achava que sabia desmoronou. Segundo, porque eles não vão simplesmente “falar” ou “mostrar” pra você o que você deve fazer para corrigir isso. Eles têm 10 sessões de “start neuromuscular”, que segundo ele (Zé Luiz) é o que vai fazer você começar a mudar sua técnica para melhor.

E por último eles têm o Bike Fit, que é somado a todo o conjunto de serviços, agregando ou não informações dos outros testes e análises.

Resumindo, é um tipo de prestação de serviço que a gente só vê lá fora!

Lógico que a explicação de todo o sistema foi muito bem fundamentada com os dados de estudos que ele mesmo conduziu na UNICAMP, com ciclistas amadores e profissionais. Desde a validação do protocolo dos testes (que são feitos sem grandes parafernálias com a sua própria bicicleta, num computrainer usando um monitor de FC que mede variabilidade de batimentos cardíacos um a um), nada de máscaras atrapalhando sua respiração nem agulhadas para tirar sangue... E o que eu mais gostei, numa sala climatizada com um BAITA ventilador na tua cara!

Além de tudo isso ainda estavam presentes dois ciclistas que participaram dos estudos na UNICAMP e estão sendo treinados pelo próprio Zé Luiz. Sendo um deles meu amigo Renato Ruiz (ex Caloi) que está atualmente correndo pela SCOTT – Marcondes de São José dos Campos – a única equipe brasileira com licença transcontinental da UCI.

Super 12h


De todas as emoções que a bicicleta já me proporcionou essa foi 9.9 na escala richter, tremeu e abalou tudo, e vai levar MUITO tempo para ser superada com certeza… Super 12h de ciclismo no Rodoanel

Já tinha treinado uma vez para uma prova deste tipo, o Extra-Distance 800km de 2003, mas uma grande tragédia acabou com a possibilidade de participação da nossa equipe na prova. Pra ser honesto, acabou também com a minha vontade de participar de provas deste tipo…

Poucas semanas atrás, conversando com o meu grande amigo que tem me dado um suporte incrível nos últimos anos, Pipo (nome científico: Felipe Campagnolla) dono da Vélotech de Campinas, resolvemos nos inscrever para o evento. Sem pestanejar em menos de dois minutos chegamos ao consenso de mais dois nomes para montarmos um quarteto misto competitivo e participarmos da brincadeira:

Juliana Berti, conhecida de postagens anteriores por ser a versão LODD de saia – A paixão dela pelas magrelas, se ainda não passou a minha está perto. Ela é aquele tipo de pessoa e atleta pra quem tudo vale a pena se o desafio for ENORME, é… nada de coisas pequenas para essa gigante!

E Bruno Lazaretti (A.K.A. Alemão), esse é um integrante mais recente da família RM que já vem com credenciais estúpidas… Alguém já tentou nadar na esteira de uma lancha? Pois é, essa é a sensação que eu tive uma vez ao nadar, sei lá… uns 10 metros no pé dele. Ele já foi campeão paulista de maratona aquática, e começou há pouco tempo no triathlon mas ja pedala e corre como um veterano!

O texto que segue foi escrito domingo, depois da prova com as emoções ainda à flor da pele e mais de 33 horas (batendo o Unibanco) acordado!!! Cada um dos outros membros da equipe deve ter uma maior que essa para contar, uma vez que a cada troca, as experiências compartilhadas davam mais ânimo para aquele que ia entrar na sequência!

"Aqui vai um pedacinho do que rolou na madrugada de ontem pra hoje no Rodoanel em São Paulo - mesmo porque, por mais que eu escreva eu nunca vou conseguir transmitir o que foi tudo aquilo.

Largada às 20h (quase em ponto), tinhamos uma estratégia definida desde começo: cada um daria uma volta e descansaria três, até o final da madrugada, quando a gente discutiria a necessidade de mudar os planos - desde que eu um dia quis fazer o Extra Distance 800km eu descobri que "shifts" menores eram o melhor jeito de pedalar uma prova de revezamento, no caso desta prova eu usaria uma troca mais rápida, mas era estabelecido pela organização que as trocas só se dariam no mínimo a cada volta de aproximadamente 26km.

A grande questão era quem começaria, e que ordem seguiríamos. Como era largada em pelotão e o Pipo é o cara com mais bagagem de todos nós em provas assim, achei melhor ele ir primeiro, depois eu entraria já com a bike de contra relógio pra forçar o rítmo ou tentar buscar qualquer fuga que ocorresse, logo depois vinha o Bruno (alemão) e pra fechar a Jú.

Já de cara a estratégia se pagou, o Pipo mostrou que eu estava certo e entregou a bike no 1o pelotão.

Tinham duas equipes que eram mais fortes e poderiam nos bater, a equipe de Suzano e a equipe Rockstar (Jean Coloca, Ciro Violin, Claudia e Adir). Essas duas equipes não fizeram troca na primeira passagem, o cara de Suzano passou um pouco escapado (uns 15s) e o Coloca deu uma atacada no final pra abrir do bolo.

Nossa troca foi rápida, eu saí forte e já no 1o km encostei no Coloca e um outro ciclista de um quarteto masculino. o grande Hely que estava com outra equipe mista saiu junto comigo e veio forte no grupo. Nesse meio tempo, aconteceu um acidente com o ciclista da equipe de Suzano que o tirou da prova e a equipe da disputa pela ponta (foi um acidente grave), fato que com certeza mudou a dinâmica da prova.

Já na primeira subida o ritmo ficou alucinante e o Hely perdeu contato (o que pra mim foi ruim, pois ele é um cara forte, com uma boa passada que podia me ajudar a minimizar qualquer estrago), e o bicho pegou a volta toda. Fechei a volta com 39min e fazendo MUITA força em 1o do grupo entreguei para o Alemão que saiu pau a pau com o Ciro e manteve-se junto a volta toda.

Jú pegou depois, e como o Ciro também partiu para 2 voltas ficou duro para ela acompanhar o rítmo. Mas vocês acham que ela vendeu barato? a mulher chegou cuspindo fogo e perdeu menos de 5min para os líderes.

Seguiram-se as trocas, e com rodadas completas de todos os atletas de ambas equipes entrando, assumimos a ponta e assim mantivemos até que Ciro e Coloca começaram a queimar "cartuchos" revezando somente os dois por 4 voltas finalmente entregando para a Claudia encostar na Jú. Óbvio que quando ela encostou as duas vieram se “mordendo” - isso à 6 voltas do fim.

5 voltas para a derradeira entraram Adir e Pipo que aproveitou para andar forte e abrir mais de 5min de vantagem.

4 voltas pro "the end" eu saí com quase 6min de vantagem pro Coloca e fiz uma volta me sentindo muito forte, ali eu sabia que ainda tinha um extra pro final - eu e o Pipo já tinhamos discutido que iamos fazer as duas últimas voltas porque o negócio ia ficar "apertado"- entreguei pro Alemão 8 min na frente do Coloca, que encerrou sua participação. Eu pedalar mais que o Jean a essa altura mostrava claramente que eles estavam pagando pelos cartuchos queimados mais cedo. Restava saber se o “incansável” Ciro estava do mesmo jeito.

O Alemão entrou e o Ciro (já em sua 5a ou 6a volta no percurso) saiu na caça, passou a primeira metade administrando bem, mas sentiu o cansaço (que àquela altura era desumano pra todo mundo) e o Ciro acabou encostando à pouco menos de 2min, me mostrando que ele permanecia “incansável”.

2 laps to go e o Pipo, que claramente tinha dado tudo na outra entrada saiu com o que pareceu pouco tempo na frente da Claudia...

11h40min de prova estavamos eu e o Ciro lado a lado esperando para entrar pra última volta, já que pelas contas eles iam chegar antes das 12h de prova serem completadas...

11h45min chega o Pipo com a Claudia a menos de 50m... agora era coração... eu nasci pra isso...

Saí cuspindo fogo, não podia deixar ele me alcançar pra não pegar meu vácuo. Sabia que se eu chegasse na primeira subida com uma vantagem eu conseguiria manter. No 1o retorno vi que já tinha uma margem boa, pouco mais de um minuto. A idéia de aliviar me passou pela cabeça, mas não pareceu muito boa com um Ciro Violin nos calcanhares. Podia acontecer algo: eu quebrar, furar um pneu, escapar uma corrente e 12h de esforço teriam sido por nada!!!! Ele claramente estava minado fisicamente afinal de contas já era sua 7a volta no percurso e eu ouvi rumores que ele andou correndo nos intervalos (isso ele pode confirmar depois :-)), além do mais, esse negócio de “administrar” pra mim é mostrar falta de respeito pelo adversário, portanto continuei forte até o fim, não aliviei e acabei fazendo uma volta excelente àquela altura do campeonato, pouco abaixo dos 40min.

Abri bastante e cruzei a linha de chegada com um sentimento incrível... toda a galera, equipe de apoio, Ana e Hely (de outra equipe mas também família RM) vibrando e torcendo pela nossa conquista... Sensação indescritível... A explosão de um quarteto e toda a equipe de apoio dentro de mim!

Festa na chegada, entrevista pra TV, fotos, abraços, comemoração...

A força do conjunto e o sincronismo da galera a noite toda foi a grande arma pra conquista. Cada um que entrou fez sua parte muito mais que bem feita, dando 115% em cada volta. A atitude da galera a noite toda mostrava que seríamos ossos duros de roer. Ninguém desanimou com perda de posição e ninguém questionou nada, nem quis mudar de estratégia durante a noite. Cada um acreditava no potêncial dos outros 3!

A galera de apoio, e os incansáveis Carlinhos e Argolinha cuidando das bikes e tomada de tempo também foram fundamentais!

O Pipo, que sem a gente se dar conta pensou nos mínimos detalhes: Uniformes personalizados; Barraca; Tenda, Gerador; Microondas; Bebedouro; etc.. O cara mostrou o porque ele é o que é no meio do esporte e porque é uma pessoa tão querida por todos que com ele convivem.

A mãe da Jú que fez um banquete... tanta comida, mas tanta comida que o Alemão se pesou antes da largada com 78kg e as 4 da manhã tava com 79kg ;-) não faltou nada, e obviamente sobrou!

Pra todos vocês, meus companheiros nessa "pauleira" parabéns, parabéns pra nós e quando vocês quiserem, a hora que vocês quiserem com o maior prazer farei parte deste time novamente!"


Pra quem gosta de números:

Meu PowerTap marcou cada volta com 26,8km

Dados das voltas:

1- 39'27" com 343w (muita oscilação de potência pois estava andando com 2 ciclistas mais fortes)

2- 40'21" com 330w (volta sozinho, sem variação e bem dosado)

3- 40'58" com 331w (essa foi a volta mais dura pra mim, foi a volta que o Coloca saiu na minha caça e eu não dosei bem, no final ele tirou mais de 30s do tempo)

4- 40'43" com 324w ("A" volta, sentindo forte e a que melhor dosei)

5- 39'59" com 323w (mas com "explosão" de 1189w no começo… foi largada de CRI, no final foi muito bem dosada mas não sei de onde tirei aquela energia, bom na verdade eu sei eram "8 pernas", só não achei que depois de 11h45min ela fosse aparecer)

A melhor relação velocidade x potência foi da última volta, uma porque eu já tinha feito 4 voltas e outra porque tava dia e além de poder enxergar os números do power-tap, pela primeira vez a "velocidade livre" em descidas e curvas foi explorada ao extremo.

Obrigado à todos que mandaram mensagens de apoio, cada pedaço de energia positiva com certeza foi muito bem aproveitado, e um obrigado muito especial a equipe Rockstar que nos proporcionou uma competição muito dura, mas muito saudável e amigável durante a noite toda!

XO’s

LODD