Aquela época do ano...


Como todo ano nessa época, o Giro já esquentou a temporada e o Tour de France está bombando na TV. Eu, como um amante do ciclismo já programei treinos diferentes, e estou renovando o estoque de empolgação por mais 365 dias J

Sábado começou em grande estilo, com um prólogo rápido nas avenidas de Roterdam. Lógico que eu fui treinar corrida cedo, e antes das 11h eu já estava grudado na frente da TV, com o meu Frances macarrônico assistindo à transmissão da TV5, pois aqui no país do futebol, mesmo estando eliminados ainda é copa do mundo e lógico que os 5 canais de esporte em território brasileiro continuam falando do Dunga, dos sonecas e zangados...

Prólogo de 8,9km comendo solto e idéias começaram à aparecer, baseadas nas dúvidas que eu tenho tido em relação à minha própria performance, e o jeito como as coisas foram acontecendo na minha “vida de atleta”.

Quando a gente pensa em uma prova de 23 dias, com etapas megaloquilométricas, grande variações de altitude, escaladas feitas pra alpinistas, vem aquela dúvida: o que um CRI de 10 minutos pode mostrar? Que diferença pode fazer?

Lógico, que algumas coisas não mudam... a moto Cancellara, colocou uma semana (sim 10 segundos nesse nível é coisa pra caramba) no segundo colocado, Tony Martin (que embora tenha nome de astro porto-riquenho é Alemão), um excelente contra-relogista, que em sua defesa pedalou em percurso muito mais molhado que o suíço e, que também colocou uma semana em cima do britânico David Millar, 3o colocado.

Até aí nada de surpresa, os 3 são especialistas nesse tipo de prova, e como bons especialistas, devem trabalhar para companheiros mais “completos” no decorrer da prova, com exceção do suíço que anda tão mais forte que o resto da população mundial que provavelmente vai defender sua posição na força bruta, e na minha opinião embora tenha alguma chance na classificação geral, são remotas.

O que surpreende é ver os favoritos pela briga geral figurarem entre os 10 primeiros.

O quanto completo um atleta consegue ser? Mr Lance Armstrong e Sr. Alberto Contador realmente são dignos dos títulos que conquistaram. Como conciliar capacidades tão diferentes? Potência, passo, subida, endurance??? É a questão que tem assombrado minha vida em cima da bicicleta ultimamente.

Para nós atletas normais, não dá pra conciliar tudo. Como eu tenho sentido na pele (e nas pernas) ultimamente, quando você foca em um evento específico, os outros sofrem... e se esquecidos podem até agonizar. E a verdade não é diferente, inclusive para campeões olímpicos e mundiais. Vide a performance do (também forte concorrente ao titulo) Bradley Wiggins – que até dois anos atrás seria o homem a ser batido numa prova como a de Sábado, pelo simples fato de ser especialista nisso. Campeão Olímpico e Mundial da prova de perseguição este era o único que talvez tivesse credenciais para bater a moto-cancellara, mas não chegou nem perto. Mostras que todo o trabalho realizado para torná-lo um ciclista “completo” mexeu naquilo que ele tinha de melhor.

Muitas coisas à se pensar e aprender com tudo isso. Inclusive várias dicas de treinamento para “migrar” as distancias no triathlon podem ser tiradas daqui... Enquanto isso eu brigo com as minhas dúvidas, e provavelmente terei muito mais que escrever sobre isso.

O que eu vi durante a prova:

Lance Armstrong está de volta. Eu que fui um grande critico do seu retorno ao ciclismo hoje dou a cara à tapa. Ele ir bem num CRI de 9km não quer dizer nada... ele podia até ter tomado um minuto do tempo do Cancellara que não ia fazer diferença. Ele em cima da bike é que me impressionou. Voltou a ser o Lance dos sete títulos, uma peça só. Alem de estar magro ele provou que está forte.

Família Schlek: Infelizmente esses dois vão ter que nascer de novo pra aprender a fazer um CRI. As vezes eu, na minha arrogância acho que até seria capaz de brigar com eles, de tão ruim que eles são. Lógico, que como eu disse antes isso pouco conta agora... mas a história mostra que quem quer ser campeão do Tour precisa saber se defender num CRI.

A história do motorzinho na bike: Bom, a UCI abriu os olhos pra mais essa armação e andou “escaneando” as bikes após o prólogo. Fabian Cancellara aproveitando a fase disse “se quiserem achar motor, é melhor escanear minhas pernas” J. Pra quem larga com os seguintes dizeres no capacete “World & Olimpic Champion” além da camisa litrada de campeão do mundo, pra que motorzinho? Só isso já valem os 50w extra!

Com certeza serão 3 semanas de muita pauleira e esse ano eu acho que o resultado vai ser muito “apertado” se os grandes nomes passarem pelos tombos da primeira semana.

LODD

4 comentários:

Marcos Apene do Amaral disse...

Gostei e estou ansioso para ler sobre suas duvidas e reflexões à partir dessa postagem!
Que essas 3 semanas custem a passar, abraços, bons treinos, MAA

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog Lodd!

Não sei se vc me conhece, mas preciso do e mail do Estevan de Americana.(ele me conhece...meu irmão se formou com ele na UNESP de Rio Claro). Se vc puder me passar, agradeço!

Rodrigo Dantas

LODD disse...

Dantas,

Não tenho o e-mail dele. Mas vou estar com ele na quinta (ou sexta) e pego pra você.

Abs

Anônimo disse...

Obrigado Lodd.
Meu mail é rodrigodantas0206@uol.com.br
Abraço