Ele não soube a hora de parar...

Pode ser... Mas quem é perfeito nesse mundo?


Obrigado Aninha Peres pela dica do vídeo!

LODD

10 comentários:

Anônimo disse...

Não consigo entender como as pessoas falam que ele errou em voltar, sendo que ele voltou para ajudar uma causa, da luta contra o cancer, portanto mesmo que ele tivesse chegado em ultimo no tour seria louvavel a atitude dele. Quanto ele não conseguiu arrecadar para a ONG dele com essa volta? Quantas vidas esse dinheiro não irá ajudar a salvar? Se todas pessoas que possuem status e midia fizessem algo parecido com certeza o mundo seria diferente... Nem tudo é ganhar ou perder no esporte...

Halmer Marques

Arthur Ferraz disse...

Belo comentário do Halmer
A discussão sobre a hora de parar é até pertinente, mas a visão da transição de carreira também é.
Será que esta volta foi uma tentativa de recuperar o status no esporte ou uma visão de um papel novo no esporte,como embaixador de uma causa?
Vejo que a visibilidade que a presença dele traz a instituição já é suficiente para justificar suas aparições no tour, nas maratonas e até no ironman. Se este é um novo papel que encontrou para sua atividade, é realmente mais um exemplo de que é um atleta exemplar.Até em sua aposentadoria.

Arthur Ferraz disse...

Agora Lodd,
ouvi dizer que o Shleck agradeceu pela ajuda do Cancelara no último contra relógio. Isto aconteceu mesmo? e outra pergunta: Esta possível ajuda na hora da prova, por um especialista como o Cancelara, pode influenciar diretamente no resultado de uma prova como esta? e no que ajudaria, ritmo, estratégia, posição?acho que isto dá um post inteiro.
Abraço
Arthur

simplifique disse...

Fala Lodd!!!
Acho que ele soube a hora de parar e soube a hora de voltar.
Ele percebeu que nem tudo na vida é a cor da camisa. Apesar de ter vivido para ela, a sua presença em qq lugar é capaz de muita coisa.
Acho que aí está o verdadeiro espírito.
Belo video !
Valeu!

LODD disse...

É um assunto complicado, mas nesse quesito vou com o Arthur e acho que isso deveria dar um bom post no teu blog - Hora de Parar!

Eu confesso que fui um crítico do retorno do Lance, não por achar que ele não conseguiria vencer o tour, mas por achar que ele daria margem para que seu "legado" fosse manchado pelos "abutres" de plantão. Ao meu ver era o homem Lance Armstrong abrindo uma brecha para que a instituição Lance Armstrong fosse atacada e fragilizada.

Achava também que ele não tinha o direito de "brigar" por segundo uma vez que tinha ganho a prova 7 vezes, mas isso fazia parte da minha arrogância e estupidez.

Pra mim, sua volta ao Pró Tour não se deu somente pela Livestrong, luta pelo câncer ou qualquer outro motivo nobre - Se deu principalmente pela relação que ele tem com prova e tudo o que isso representou na vida dele. Nas suas batalhas dentro e fora da pista.

Eu estava errado. Atletas como Lance, Jordan, Schumacker, etc.. Tem o direito de voltar pelo amor e pela ligação que eles têm com os respectivos esportes. Mas só descobri isso esse ano, vendo a cara de satisfação dele ao completar o enésimo tour de sua carreira, e talvez o único que ele realmente aproveitou de corpo e alma!

Pra mim, continua sendo INTOCÁVEL!!!!

LODD disse...

Quanto ao Schleck e Cancellara...

Isso provavelmente aconteceu, e não foi por causa de aulas particulares que a máquina deu para o Schleckinho.

Se não me engano ele fez a mesma coisa com o Sastre quando ele venceu o Tour.

Ele larga, faz aquilo que ele sabe fazer de melhor, termina a prova antes do outro largar, e detalha toda a estratégia para o companheiro.

Parece pouco, mas não é. Para ser um bom contra-relogista não adianta ser somente forte. Precisa ser inteligente, e conhecer a arte.

Basta a gente pegar os últimos exemplos do próprio Cancellara: No último CRI do tour, ele passou a 1a parcial 10s mais lento que o tempo do T.Martin, na segunda já estava 10s à frente e fechou colocando mais uns 6-7s na última passagem. Na olimpíada ele era prata até a última intermediária e só pegou o ouro na linha de chegada.

Eu brinco que o Fabian vai com um fone de ouvido tocando música e não recebendo informação do carro de apoio, de tão impecável que ele é na arte de dosar um CRI. Ele olha pro percurso, calcula o tempo que ele leva pra cobrir o mesmo, com isso ele já sabe a força que ele vai fazer e faz progressivamente. Um arquivo de potência dele vale OURO, e com certeza daria uma aula de como fazer um CRI.

Alguém assim passando a estratégia simplifica bastante as coisas.

É... isso dava um post mesmo ;-)

Anônimo disse...

Bom Dia LODD,

sou triatleta e fiz o Ironman BR 2010 com um péssimo tempo nos 180km. Acompanho seu blog e sempre vejo voce falando da arte do CRI. A minha ignorancia sobre o assunto me permite apenas pensar que o CRI é uma prova em que o ciclista faz o maximo de esforco o tempo inteiro. Com certeza isso esta errado. Voce poderia explicar qual é a arte do CRI e tambem por que voce falou que o Schleck tem um péssimo CRI logo apos a primeira etapa do tour?

Obrigado

Gustavo Carvalho

LODD disse...

Gustavo,

Máximo de esforço o tempo inteiro é uma parte da equação. Na verdade o melhor CRI é dado pelo máximo esforço "quase constante" produzido por um atleta. e de preferência ligeiramente progressivo.

Existem várias maneiras de se conseguir uma mesma média de potência durante um período de tempo, e cada uma delas vai gerar velocidade média diferente da outra. Cabe ao contra-relogista e triatleta utilizar aquela que resulte na maior média de velocidade, que ao meu ver seria a mais próxima da constância possível.

Colcoando números só pra ilustrar: Imagine que um Fabian Cancellara despeje uma média de 500w de potência em 1h de CRI. Muito provavelmente, após a aceleração inicial (que no caso deles é importante, mas não para nós triatletas) ele "senta" na casa dos 480w. Lá pela marca dos 10km ele passa pros 500w e mantém por uma longo tempo, procurando variar o mínimo possível (uma vez que variações acima dos limiares geram desgastes fisiológicos maiores que os ganhos em velocidade) e nos últimos 20km ele aperta o rítmo pra uma zona de "extremo desconforto" guardando ainda um gás para as últimas centenas de metros...

Na teoria, é assim que funciona. Se você tiver bastante treino, prática e principalmente CONFIANÇA vai sair com o melhor resultado possível.

Mas não é uma tarefa fácil, visto que excelentes ciclistas são péssimos contra-relogistas. Simplesmente porque pra uns é muito mais "natural" a variação frenética de ritmo de provas de pelotão.

Pra quem acompanhou o Tour de 2004, com a crono escalada do Alp D'huez deve lembrar de exímios montanistas tomando tempo de passistas e contra relogistas, simplesmente pela natureza do esforço.

A boa notícia para nós é que isso é altamente treinável (não que vc vá conseguir transformar um Andy Schleck em um Fabian Cancellara), ao passo que o contrário depende mais de uma boa "escolha" de pai e mãe ;-)

Além disso, outro grande problema com Andy Schleck e a maioria dos escaladores em um CRI, é a questão da potência absoluta: Eles são altamente beneficiados pela relação peso x potência nas montanhas, mas nos trechos planos, onde o inimigo "vento" é bem parecido pra todos a falta de potência relativa à aerodinâmica os torna muito mais frágeis. E quanto maior o vento contra, pior pra eles.

Lógico que pra ser campeão de um Tour, atletas como Schleck ainda levam muito mais vantagem sobre Cancellara's, e ele precisa só trabalhar um pouco no seu CRI pra poder vencer.

Uma nota a parte: O Andy Schleck certamente surpreendeu com o seu último CRI no Tour esse ano, mas o Contador fez uma prova abaixo das expectativas também, por isso a pouca margem entre os dois.

No começo do Blog eu publiquei alguns textos sobre as diferenças entre os tipos de ciclista. Dá uma procurada e qq coisa é só mandar - ah, dá uma lida no texto de potência que eu explico (tento) o conceito de potência normalizada, isso tem muito haver com pacing em CRI.

Abs

Anônimo disse...

LODD

Obrigado pela "AULA". Vou ler os seus posts antigos e me inteirar mais sobre o assunto!

Que bom que na comunidade do triathlon existem pessoas sabias e que estão dispostas a dividir as informações!

Muito obrigado

Gustavo

Sebastian disse...

Independentemente se era hora dele parar ou não só falo uma coisa: dá gosto rever o Lance daqueles tempos, o cara fazia o que nunca vi outro ciclista fazer - calma, é que eu não acompanhava o Tour na epoca do Edie Merx, refiro-me aos ultimos 10 anos. Voltando ao que eu dizia, o Lance era um exímio montanhista - ganhava diversas etapas de montanha - um baita contra-relogista pois ele ganhava os CRs ou empatava com o Urlisch (ok, não existia o Cancelara na época) e além de tudo isso o cara brigava em sprints, era combativo até a última gota de sangue.

Neste ano a gente viu todas essas qualidades distribuidas em diversos ciclistas, nenhum reuniu todas elas
juntas.

Além de todas as glórias o cara tem uma história de vida que por si só é a maior vitória de todas.

abraços,
Sebá