3.8

...E finalmente, eu percebo que daqui a 30-40 anos, eu não vou lembrar da comida pós prova... quanto tempo eu esperei em pé para a largada... das falhas no asfalto... do organizador da prova... Se eu peguei ou não minha vaga para o Mundial... das subidas, das descidas, do vento contra... Se eu sou ou não um Ironman. Eu também sei que ninguém liga realmente pra quanto rápido ou quanto devagar eu vou, exceto eu.

Daqui ha 30-40 anos é provável que eu só vá me lembrar do frio pela manhã, das pessoas que eu conheci, do sentimento de estar nadando, pedalando... da minha capacidade de correr, das horas que antecedem uma grande prova... Do sentimento da areia molhada nos meus pés, do pulmão queimando e da vontade no meu coração.

Espero que você não foque mais no que poderia ter sido melhor, mas sim naquilo que é fantástico a cada dia e a todo momento, em tempo real... Um dia, é disso que vou sentir falta. Experiência é o que importa...

Ventos da Austrália


Até isso o “Pistolooser” conseguiu estragar. Em pleno mundial da UCI foi anunciado o dopping do espanhol. Surpresa? Pra mim, nenhuma. Mas é óbvio que em vez da mídia falar do mundial de estrada e CRI eles vão falar deste m...

Eu, como acho que o dopping é a meleca da barata no esporte, e por isso não acho que merece nenhum outro tipo de consideração a não ser nojo e repulsa, to mais interessado no que ta acontecendo na Austrália, e que esses ventos não passem pela Europa trazendo aquele cheiro característico, mas que venham pelo pacífico J

Falando em vento, ontem e anteontem (dependendo do fuso horário) aconteceram as provas de Contra Relógio Individual, para o masculino, feminino e sub 23.

No masculino a única surpresa ficou por conta do 2o colocado. Fabian MotoCancellara faturou o tetra em mais uma performance assustadora, seguido do britânico David Millar e de Tony Martin. A surpresa por parte de David Millar sim, pois embora ele seja muito bom em prólogos (contra relógios curtos que geralmente abrem as grandes voltas) não me parecia alguém capaz de chegar tão alto num mundial de CRI. Dado o histórico do atleta, espero que não tenhamos mais surpresas desagradáveis.

No feminino, a ausência de Kristin Armstrong (só fiquei sabendo dessa ausência pouco antes da largada da prova, pois parece que ela se “aposentou”) abriu espaço para a britânica Emma Pooley da Cervélo.

Agora, a grande notícia veio do sub 23. Com o norte americano Taylor Phinney mostrando que é o garoto mais rápido contra o vento em 2010 – Em qualquer que seja a distancia e o trajeto. Taylor Phinney, ciclista da Trek Livestrong U23 que acabou de assinar contrato com a BMC para correr o ano que vem no pró tour, já havia sido campeão mundial de perseguição sub 23, no mundial de pista da UCI este ano.

Uma renovação espero, que em todos os sentidos. Palavras dele após saber da notícia sobre o dopping de Alberto Contador: “Water, laughter, love, and sleep. Formula for success right there” – espero que essa seja realmente a grande renovação do esporte!

Thuder... Thunder... ThunderRace hoooo

6h30min perfeitos de prova, mas os últimos 67min...

Manhã friazinha e garoa fina em Caiobá. Cerca de 80 atletas estavam alinhados na largada do primeiro (espero que de MUITOS) Thunder Race, num clima tão amistoso e descontraído que mais lembrava os (saudosos) simulados que o próprio Célio organizava em Pirassununga. Altíssimo astral de uma galera pra lá de motivadora. Muitos atletas dando o primeiro passo em direção ao IM. Alguns veteranos nas ultra distancias, o grande tri-campeão mundial de Ultraman... todos alinhados para a largada. Mas nada como a presença de Ana Lidia Borba. Eu sei que ela já tinha retornado às provas (ou pelo menos parte delas) um final de semana antes, mas poder presenciar essa retomada, que tenho certeza será astronômica dava uma sensação maravilhosa!

Alem do saudável e muito amigável desafio entre Cheetara e Willycat (numa alusão aos Thundercats, uma brincadeira que surgiu entre mim e a Ariane Monticelli via Twitter). Esse ano os “confrontos” entre os dois estava empatado. Com uma lavada no long de Caiobá no começo do ano por parte dela, e uma vitória apertada minha no 70.3 de Penha.

Saí da água bem contente na casa dos 40min. Pela primeira vez esse ano consegui nadar bem. Se a medida estava certa é a incógnita que sempre fica, mas tinha uma correnteza que compensava qualquer erro de marcação de bóia. Duas voltas, sem traumas e sem apanhar (como é bom poder largar de verdade numa natação, e não ter que lutar).

Ciclismo, por incrível que pareça essa era a parte que mais vinha me tirando o sono antes da prova. Eu precisava deixar o Ego em casa e pedalar com a cabeça muito mais que com as pernas. O dia era longo e eu sabia que não tinha essa endurance toda dentro de mim ainda. Coloquei meus limites “anti estupidez” e desta vez obedeci! 250w de target de potência e nada mais que 140bpm, aquele que cruzasse a linha primeiro ditava o limite.

Era um circuito de 4 voltas, e a primeira volta foi a que exigiu mais força de vontade pra não sair do plano, depois fica mais natural. A hora que abri a segunda volta o Alexandre Ribeiro apareceu na minha mira, uns 200m a frente. Conversa minha comigo mesmo: “Relaxa, você não precisa ultrapassar... o cara corre 84km provavelmente num ritmo maior do que você corre os 10km, alem do mais ele é um campeão e em vez de querer mostrar alguma coisa, relaxa e aprende!” pronto, mantive meu modo de “cruzeiro” e toquei o barco – Ponto pra mim J

De repente no começo da terceira volta ele cresceu na minha frente, sem eu ter aumentado nada de potência. Ainda conferi umas duas vezes antes de passar pra ver se não estava fazendo caca mesmo, e continuei com o meu plano: Come, bebe, respira, foca... Na última volta sei lá porque a frente da minha bike começou a desmontar. O suporte que prende o powertap no lugar caiu, saiu da base de encaixe. Eu tentei arrumar sem parar a bike, mas isso tava tomando tanto tempo que eu desisti. Encostei e arrumei... não muito bem porque uns 2km depois tive que parar de novo pra acertar de vez. Ainda no final do pedal começou a soltar meus CO2... foi um bom teste de paciência e fez a última volta passar “rapidinho” J.

No powertap (descontando as paradas) marcava 4h4min de pedal e um pouco mais dos 150km pré estabelecidos. 250w de media de potência e 133bpm de media. Tinha comido muito e me hidratado muito. Estava confiante que ia correr!

Na corrida o primeiro “check do sistema” foi bom... a FC ainda estava baixa, as pernas incrivelmente boas (2a vez esse ano heim!?) E na minha frente só tinha o Guilherme Manocchio (BEEEEM na minha frente). Com 2km de prova o Ribeiro me passa de novo (por causa dos percalços na bike a gente já tinha trocado de posição algumas vezes e eu tava achando o máximo) só que dessa vez eu sabia que era a última, pelo menos na mesma volta.

Estava no sexto quilometro de prova, quase no final da primeira volta quando cruzei com a Cheetara... putz, será que tava com vantagem suficiente??? Bom, num dia normal seria suficiente mas existe dia normal em provas longas?

No meu “pré prova” eu queria, e achava que seria capaz de correr os 28km em 2h30min, e até a metade da terceira volta estava dentro dos planos, já sentia o cansaço e as pernas mais pesadas, mas com certeza ainda estava no jogo... foi quando a casa caiu L

Comecei a passar mal e vomitar muito... era água. Óbvio que tinha feito alguma cagada, mas ainda não tenho certeza do que. Talvez ingerido líquidos demais num dia frio – esse sinal já vinha desde o pedal onde eu fiz xixi 4 vezes. Talvez começado a corrida mais forte do que devia. Talvez falta de sais minerais. Ainda não sei, mas aquilo foi punk a partir do 20o km.

Parei de beber água e só tomei uma coca cola no retorno pra última volta, o que não melhorou muito. No 23o km de prova perdi a 3a colocação, e no 24o a quarta colocação também se foi, junto com o desafio Willycat (que àquela altura mais parecia o Snarf apanhando do Mumm Rá) versus Cheetara, que no momento da ultrapassagem ainda parou e me deu forças pra terminar a prova...

Ajudou bastante, vi que mais um concorrente direto na categoria vinha chegando e decidi não entregar de jeito nenhum a posição. Não devia ter mais nada no estômago mesmo, então só tive que controlar as pernas pra não tropeçarem e correr pra frente! 7h36min. 5a colocação e 2o na categoria.

Bom, mas ainda tem MUITO trabalho à ser feito antes do IM.

A Prova do Célio.

Não tem o que falar da prova. Perfeita! Local, organização, atenção aos atletas, medalhas e troféus de 1a linha, camisetas, caramanholas personalizadas. O cara mandou muito bem nos mínimos detalhes. Ofereceu traslado do aeroporto para o hotel, dois jantares sendo um de massas na noite anterior à prova e um de premiação depois da prova. Espero mesmo que essa prova vire uma realidade no calendário e que muito mais atletas prestigiem a partir do ano que vem. Com certeza a história do ThunderManiac me pegou de jeito.

Vácuo:

Numa prova em um circuito tão aberto e com poucos atletas, ter vácuo seria uma vergonha. E realmente não houve, salvo por um atleta cujo número eu realmente gostaria de lembrar pra colocar aqui visto a vergonha que foi ver ele andando de “Tandem” atrás do Alexandre Ribeiro por mais de 80km, até que a organização depois de várias advertências o tirou de lá!

Agora vou descansar e retorno aos treinos em novembro. O calendário de pista não para entretanto, mas como pedalar pra mim é terapia... rsrsrs

Abs

LODD

Além dos Watts

Já faz algum tempo que eu venho percebendo algo errado nas minhas provas e treinos longos. Os números de potência na bike nunca estiveram tão altos para os limiares (FT e VO2), mas mesmo “segurando” eu tenho sentido por várias vezes, quebradeira em provas de ½ IM e treinos acima de 4h.

Desde o Long Distance de Caiobá isso tem me martirizado. Não importa se eu faço um treino leve ou forte, depois da marca das 3h30min – 4h a sensação de falta de força e quebradeira é a mesma, especialmente na corrida.

Bom, claro que estava faltando alguma coisa. Um elo perdido na minha concepção de “bike fitness”.

A história que o FT é o grande indicador de “fitness” para qualquer distância e intensidade começou a parecer somente parcialmente correto.

Nas últimas semanas, nos treinos específicos para o Thunder Race, e já pensando na minha volta ao IronMan Brasil no ano que vem, tenho prestado bastante atenção como meu corpo têm reagido às baixas intensidades e longas durações. Não fiz tantos quanto eu gostaria, mas alguns treinos e principalmente o 70.3 em Penha deixaram claro que tinha alguma coisa errada com a minha endurance.

Comecei a cruzar dados e pesquisar o assunto. Voltei a usar o monitor de freqüência cardíaca para a maioria dos meus treinos e inclusive em prova, e o que ficou claro foi que minha “eficiência energética” para longas durações estava, no mínimo muito ruim.

Fiz alguns testes e a conclusão foi que minha taxa de fadiga era desproporcional entre as intensidades. Em resumo, eu podia ficar mais tempo que o normal em intesidades “altíssimas”, mas ao mesmo tempo não conseguia ficar muito tempo em intensidades baixas – não vou entrar no mérito porque nem eu sei se entendo toda essa fisiologia, mas quem estiver interessado pode dar um Google em “fat burning profile” e “fatigue curve”.

Depois de muito ler e pesquisar, algumas novas medidas apareceram no cenário dos treinos cruzando potência e freqüência cardíaca.

A 1a delas foi a relação watts/beat. Que nada mais era do que a media de potência em watts dividida pela media da freqüência cardíaca – tudo isso para um esforço de duração longa. Quanto longa? Provavelmente algo que se assemelhe à duração da prova que você vai competir, mas pelo menos uma sessão completa de duas horas de treino, ou um trecho específico de pelo menos uma hora colocado da metade pro final de um treino longo.

O número excelente apareceu como o de 2watts/beat. Mas essa marca parecia pender muito mais pro lado dos atletas grandes, que por natureza e constituição muscular privilegiada tem mais facilidade de gerar potência, do que para os atletas pequenos e as mulheres, que têm massa muscular menor e “tendem” a ter freqüências cardíacas mais altas. Isso ficou claro porque, mesmo “quebrado” em final de treino longo eu conseguia manter essa relação sem muitos problemas.

Então, eu acabei “tropeçando” numa maneira indireta de calcular o VO2 para uma sessão. Algo como os VDOT’s pra corrida do Jack Daniel, que foram criadas para ditar pace de treinos em diversas intensidades baseadas em um uma prova de corrida – ver Jack Daniels na Wikipédia e a aplicação dos seu VDOT’s

A fórmula para prever marcas de VO2 na bike é feita para treinos ou intervalos longos (acima de 1h), leva em consideração peso do atleta e freqüências cadrdíacas máxima e de repouso, além da média produzida na sessão de potência e FC:

VO2: (W/75*1000/Kg)/((THR-RHR)/(MHR-RHR))

Onde:

W = potência média gerada no treino

Kg = Peso do atleta

THR = frequência cardiaca do treino

RHR = frequência cardíaca em repouso

MHR – frequência cardíaca maxima (do atleta para o ciclismo)


Peguei um exemplo meu em Penha pra poder analisar:

(302/75*1000/82)/((150-44)/(194-44))

(49,10)/(108/150) = 68,19

O que continuava sendo excelente de acordo com a tabela sugerida pelo autor:

Elite: 65-75

Top AG: 60-70

MOP: 50-60

BOP: 40-50

Untrained: 30-40

Então fui num treino longo de preparação para o Thunder (mais de 4h30min) e rodei a fórmula para as duas metades do treino. A primeira metade ficou com um número alto, mas na segunda metade esse número caiu bastante.

É normal essa relação cair, mas quanto????

Boa pergunta! E vou tentar responder em um próximo post…

A intervenção nos treinos embora pareça fácil não foi. Longos com frequencia cardíaca baixa e potência também, consequentemente "solo". Se deu tempo de mudar alguma coisa? Semana que vem eu respondo J

LODD

Novo Power Meter


Foi lançado na Eurobike o tão esperado medidor de potência que funciona acoplado aos pedais. Numa ação conjunta entre a Polar e a Look.


Ainda não existem informações sobre a precisão desses medidores, o que na minha opinião deveria ser o carro chefe da propaganda do lançamento uma vez que a Polar já pecou e muito pela falta de precisão em seus outros sensores de potência.

Uma vez que a Polar já andou errando feio neste mercado, a Look não é de brincar em serviço. E ambas tem uma reputação à zelar.

A maravilha deste medidor de potência é que pela primeira vez você pode usar qualquer roda, e qualquer pedivela pra treinar, e a troca entre bicicletas não deve levar muito mais tempo que trocar rodas (no caso do Powertap). Além de poder medir o balanço de forças entre as pernas e muitas outras medidas interessantes graças à independência de leitura do sistema. Mas o pedal tem que ser o Kéo (o que pra mim não é problema nenhum )

O lado ruim é que, por motivos óbvios eles não tem a tecnologia ant+ para fuincionar com GPS / Joule, e funcionam somente com os ciclocomputadores da polar - o que não é problema se a taxa de gravação de dados for feita no máximo de um em um segundo, e se esses computadores suportarem tais gravações por mais de 8h.

Pela foto, os transissores parecem um pouco maiores do que eu gostaria de ver no meu pedivela, mas como tudo que diz respeito à tecnologia hoje em dia só tendem a diminuir.

Vale a pena esperar pra ver.

LODD