Provas de pelotão nunca foram o meu forte. Talvez porque eu sempre participe “solo” e nunca tive uma equipe para trabalhar junto, talvez porque eu não tenha nem “cacuete”de sprinter pra poder me dar bem em tais provas... Mas provavelmente é pelo fato de todo o meu condicionamento ciclístico estar desenvolvido na forma de manter um ritmo constante, e a crueldade dos pelotões em provas de circuito ou estrada acabam com as minhas pernas em questão de minutos...
Entretanto, sempre que pude, participei de tais eventos. Primeiro pelo fato de que são provas de ciclismo, como aquelas que eu tanto adoro assistir e torcer, e depois pelo fato de ser um excelente treino. A natureza "caótica" de um pelotão de ciclismo (principalmente de um pelotão de elite) é algo que nunca podemos simular em treinos, são horas de acelerações e desacelerações, ritmo hora forte e outra hora alucinante... ataques, fugas, paceline, cara no vento... enfim, tudo aquilo que a gente pode imaginar.
Normalmente nessas provas eu nunca passo da segunda ou terceira “pancada” e depois coloco meu passo e fico perseguindo o pelotão o resto do tempo. Bode??? Nunca. Jamais isso me desmotivou. Muito pelo contrario – eu sempre adorei ver o quanto eu aguentava no “bolo” e depois o quanto eu fazia de força para poder “terminar” a prova.
Neste último Sábado, no entanto a coisa foi um pouco diferente.
A Claro 100k no Rodoanel prometia ser uma prova de muito sofrimento (e foi), com as melhores equipes do Brasil presentes, os melhores ciclistas em atividade no pais, alem de grandes nomes do triathlon disputando uma categoria separada, mas dentro da mesma prova.
Pela primeira vez na vida eu sobrevivi a prova inteira no pelotão principal, cruzando a linha de chegada ao lado de nomes como Luciano Pagliarini, Jean Coloca, Nilceu “The Flash”, Adriano Martins, entre outros. Uma prova de que os treinos de tolerância e potência de VO2 que eu tenho feito visando o brasileiro de pista aliado a perda de já mais de 4 kilos desde o começo do ano estão se pagando.
A prova começou num ritmo alucinante. Saiu forte já da bandeirada e manteve-se até mais da metade, com ataques, contra ataques, fugas e etc. na briga das equipes grandes. Lá pela marca dos 80km a velocidade media estava acima dos 46kph, num percurso sem muitas subidas duras mas longe de ser plano.
Nós, Triatletas
Nossa categoria ficou muitíssimo bem representada no pelotão principal, com Oscar Galindez, Ivan Albano, Ciro Violin, Marcus Vinícius, Alê Takenaka... O pessoal dos 3 esportes aguentou firme a briga de cachorro grande e cruzou a linha de chegada no “bolo” principal. Parabéns ao meu companheiro de equipe Ivan Albano, que faturou a parada entre nós triatletas com uma arrancada “sem deixar margem pra reação” nos metros finais.
O grande Ciro Violin, que provou mais uma vez toda a evolução que teve no ciclismo nos últimos meses – ele fez de tudo, saiu em fuga, neutralizou fuga, me puxou, puxou o pelotão, deu dura na negada que não queria colocar a cara no vento, e ainda sprintou no final, me batendo na chegada e conquistando o 2o lugar. Eu realmente quero ver o que esse cara vai fazer no IM esse ano, pedalando desse jeito com tudo que ele já nada e corre!?!?!?
Oscar Galindez - Um capítulo à parte
Sempre quis poder andar com ele numa prova pra ver se ele realmente era tudo isso. Não... ele é mais que tudo isso. O cara é uma locomotiva humana. Minhas palavras no twitter logo após a prova foram “perto dele eu me senti um ferrorama hoje”.
O Oscar foi pra frente do grupo no começo da prova e passou a maior parte do tempo fazendo aquilo que estamos cansados de saber que ele faz melhor: descarregar toda a sua força bruta e manter um passo digno de carregar o pelotão de São José “esticado” atrás.
Mas isso não era tudo, a cada paulada de ciclistas em fuga ele simplesmente descia marcha , acelerava e ia buscar. Eu fiquei imaginando o quanto ele iria agüentar... e ele foi, uma atrás da outra, sem se abater, sem fraquejar nem dar sinais de fadiga. Infelizmente, no final a única hora que ele deu uma relaxada e ficou um pouco pra trás perdeu o “trem”. E depois fiquei sabendo que ele teve um pneu furado e esse foi o motivo de ter perdido o trem. Uma pena.
A única coisa que eu posso dizer é que pedalar por mais de 2h com o coração na boca no mesmo pelotão que ele foi um enorme prazer.
Parabéns aos mil atletas que participaram deste evento.
Essa semana tem mais: quinta-feira brasileiro de pista, no velódromo do pan no Rio.
LODD
6 comentários:
Boa Lodd!
Legal o Galindez ter feito vc se sentir do mesmo jeito que vc faz com seus amigos nos treinos. O Galindez é realmente uma máquina.
Parabéns a vc e a todos os que participaram do evento.
E boa sorte no brasileiro de pista!
Parabéns pela prova!! eu estava la e gostei demais..
Grande Lodd! Parabéns pela prova e pelo ótimo post. Rápido e pronto! Quando quero saber das últimas do nosso esporte, dou uma passada no seu blog e nunca me desaponto!! Além de pedalar muito você ainda acha tempo pra escrever bem e rápido!! Os outros blogueiros têm que aprender isso com você! (Além de pedalar tanto o quanto, é claro!)
Boa sorte nas próximas competições!
VALEEEU LODD!
Foi uma bela prova!
Estaremos em Campinas tb
Parabéns pela prova LODD.
Vamos torcer para a etapa campineira acontecer realmente e ai vc sobe no pódio de novo!
Abraços
Que prova! Parabéns.Ler seu relato só me faz ter a certeza de que preciso assistir `a próxima prova... Sigo aqui aguardando notícias do Rio. Bj
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